the hands show the way of the heart

Image Slider

The sanctity of life

On
July 10, 2022

Part of being a Woman

On
July 10, 2022

Durante muito tempo tive um certo medo de ser mulher que consequentemente se reflectia nas relações que tinha e na forma como caminhava na vida.

Talvez, por ser mulher, houvesse em mim vergonha de sentir raiva ou mostrar emoções de zanga ou agressividade. Em não ser doce ou simpática ou querida. E isso pesa, tal como pesará ter que parecer sempre forte ou sentir que se tem solução para tudo mesmo que na maior parte das vezes ninguém saiba realmente o que anda aqui a fazer.


O mundo é um lugar estranho. E, neste momento, sinto que é ainda mais estranho quando sentimos que somos especiais.

Porque, ser especial confere direitos. Ideias de que o que penso ou sinto é que está correcto. Que a minha história ou a minha narrativa tem mais peso. Ou é mais importante ou melhor.


A melhor aprendizagem que fiz este ano foi ter percebido e continuar a trabalhar internamente no sentido de que "não sou especial". Sou só um ser humano, com a minha experiência e com as minhas responsabilidades. 

Gostarem de mim ou validarem o que sinto não me torna especial, torna-me amada, compreendida, vista. 

Acharem que tenho qualidades não me torna especial, torna-me única, tal como todos os outros. 


Hoje, a raiva é um lugar seguro porque sei o que fazer com ela. Aceito-a. Sigo com ela. E tento criar algo a partir desse lugar. Sem fazer julgamentos bons ou maus sobre isso.

Todas as minhas emoções são necessárias e sinto-me em paz com elas porque sei que tenho sempre a escolha de colocar o que sinto ao meu serviço e ao serviço do mundo ou de quem está à minha volta. 

A zanga, o desconforto, a tristeza e a sensação de injustiça estão a meu favor: amasso um pão, arranco ervas daninhas, danço ou salto num trampolim. Organizo um movimento, abraço a minha filha. Construo uma casa. 

Seja o que for, acredito que tudo é para o meu bem. 

Isso libertou-me do medo de ser como sou. E, penso, permitiu-me (e ainda permite) evoluir para lá das construções que fiz/ faço de mim mesma. Andar de mão dada comigo.