the hands show the way of the heart

Image Slider

Deixar fluir e assumir o trabalho que há para fazer

On
December 04, 2023


Sonhei que estava numa sala com várias pessoas. E que dizia "itadakimasu" como resposta a outros japoneses que também diziam o mesmo.

Agradeço.
Itadakimasu: “I humbly receive.”

Antes de comer significa: "let’s eat". Thank you for this food.

Pensava que deveria ter dito “sim” como resposta. Mas saía-me tudo em forma de agradecimento.


Aprendizagens sobre o amor não correspondendido

On
October 29, 2023

Photo Lieve Tobback

---

Amar pede uma coragem. De acreditar que, apesar de todas as histórias que correram mal, é possível que seja desta que corra bem. 

Mas nem sempre a aprendizagem do amor vem através da experiência do amor. 

Vou aprendendo que sentir-me amada não está dependente de mais ninguém. (Se me aceito, nada pode alterar os meus sentimentos por mim própria.) 

E nessa aceitação ganho liberdades. 
Para fazer coisas que o outro pode achar menos interessantes. 
Para ser exagerada. 
Para não ser perfeita. 

Dou-me espaço. 

Faço o que tenho a fazer, alinhada comigo e com o que sei e sinto que preciso de fazer, a cada instante. 
A minha única expectativa é ser honesta. É manter-me honesta - porque nessa honestidade não há erros. 

Todo o amor que tenho que ter por mim. 
Um amor de primavera, mais ou menos como se intitulou a minha filha quando lhe disse que ela era um presente - “um presente de verão“, disse ela, porque nasceu a 25 de julho. 
São camadas de desconfiança que se desmancham. 
A desconfiança de não ser digna, de não merecer, de não ter direito ao amor. 

A cada dia, reconhecer que estou aqui apenas porque sou amada - não é nada fácil. É como largar a pele que conheço para deixar nascer uma nova. 

Mas afirmo para mim mesma, a cada dia, esta crença profunda de que sou amada, mesmo que o meu amor não seja retribuído - nem como, nem quando espero. Ou por quem espero. 

Busco ter o coração ao alto. 
(Para viver em paz, é preciso fazer as pazes.) 

Ser só um sítio de passagem não é uma coisa assim tão má.

Não sei

On
October 29, 2023


Photo Bruno Grilo

___

E se em vez de tentar ensinar coisas à minha filha eu estiver disposta a aprender?

Quando me permito uma certa inocência - sem julgamento de nada, sem acrescentar nada… numa postura de mãos vazias -, encontro um silêncio interno e uma paz. Porque percebo que não faz mal se eu não souber nada. Que é nesse não sei que eu descubro coisas novas e que realmente aprendo o que é necessário para evoluir.

Então, também não sei se me interessa conhecer ou saber muitas coisas.

Interessa-me aprender. E a única forma de aprender é começar por constatar que ainda não se sabe.

E a verdade do que se aprende, será relevante? Será que importa? Não andaremos todos um pouco à procura da verdade em que já acreditamos?!

Não quero ensinar coisas à Eva que ela não deseja aprender. Quero que ela aprenda o que ela quiser e acredite no que quiser e que seja feliz e que saiba ir ao seu próprio encontro. Mesmo que deixe de vir ao meu. Aceito isso.

Na caixa

On
October 23, 2023


Desejos e realidade são duas coisas muito diferentes. 

Talvez as coisas sejam como um gato dentro de uma caixa, dentro de outra caixa. 

Como é que acontecem? Eu não sei. 
Como é que são possíveis? Também não. 
No entanto, apesar do mistério, esta é a realidade. 

Também é real que antes disso, o gato arranhou o pimento que estava dentro da caixa. E que isso não foi assim tão fixe. 

(O meu desejo era que o gato não roesse pimentos, nem frutas.) Mas tenho de aprender a captar o melhor daquilo que a realidade me oferece. 

Outra coisa igualmente interessante de Imaginar é: 
E se o gato tivesse tido medo de se enfiar dentro da caixa? 

Penso que não devo deixar de embarcar nos meus desejos só por medo de falhar ou de cair. 
A Niki ensina.

O futuro assenta na confiança no presente

On
September 27, 2023




Nos momentos de maior incerteza que já vivi surgiu-me praticamente em simultâneo uma certeza absoluta: vai correr tudo bem! Isto às vezes ressoa dentro de mim com tanta determinação e com tanta força que a única coisa que posso fazer é acreditar que é verdade.

Confiar na incerteza.

Gostava que a felicidade fosse contagiosa. É um sonho que tenho.
Por vezes, faço o milagre de me contagiar a mim mesma e isso toma conta - espalha-se. Dissemina-se. Alastra-se. (Para quem quiser agarrar.)

Quando estou inteira no presente não consigo sentir qualquer preocupação com o futuro.
Mesmo quando o presente está bera e assustador.

Se o meu bem-estar não depender de mais nada, para além de si mesmo, o que é que acontece?

Ser Só uma pessoa

On
September 26, 2023


Photo by Bruno Grilo


Estar à espera da confirmação daquilo que acho que sou - estar à espera que validem a minha existência, experiência, forma de ser -, é algo que nunca chega de facto a ser uma dádiva.

Se não acontece, lembro-me do vazio que é não me contentar apenas com Ser. Também precisar de Aparecer (de ser vista).

Se acontece, perceber que isso afinal não vale nada. Ou que vale tanto como uma crítica. E que é só um julgamento e uma ilusão - uma percepção do outro com a qual me identifiquei, porque me fez sentir bem sobre mim mesma.

Ser Só uma pessoa dá trabalho. Não querer mais nada do que isso é um constante lembrete de que não há forma de não falhar. Mas que nessa imperfeição há um reino de amor à espera - a possibilidade de bastar. De largar o fingimento ou a ideia de querer alguma coisa. E de perceber que a vida não me deve nada.

Deixar cair o hábito

On
September 25, 2023

Deixar de fazer as coisas da forma que faço normalmente. 

Perceber quando essas coisas já não servem. 

Apanhar-me na curva. 

Mudar.


Primeiro quero fazer diferente mas não consigo. 

Tento, ainda assim. Mas passado pouco tempo volto àquilo que me é familiar. 


Continuo a tentar.


Consigo mudar por mais um bocadinho de tempo.


Percebo que está tudo diferente mas a mente não me larga. 

Sinto culpa e vergonha e começo a ter dúvidas. 

Será que não devia ter mudado? 

Será que isto é mesmo o melhor para mim? 

Será que estou a ser uma má pessoa? 

(Coisas assim.)


Faço um esforço para acalmar os pensamentos e reforço para mim mesma que fiz o melhor que podia. Que não faz mal desistir. 


Falhar custa-me menos do que não tentar. 

Falhar também é experiência. 

Desistir das coisas custa-me, porque parece que não aprendi nada. 

Mas, às vezes, desistir é só saber aceitar as coisas como elas se apresentam em cada momento - sem tentar acrescentar nada.

Desistir abre espaço. Liberta. 

Às vezes, desistir de algo é a única maneira de não desistir de mim.


Com o tempo, começo a achar que a dúvida, como tudo o resto, também só quer ter um espaço para existir e ser ouvida. Então ouço. E respondo a mim mesma compassivamente: está tudo bem. Estás a fazer tudo bem.


Procuro encontrar um caminho do meio. Um caminho que não me afaste de tal forma de mim mesma que às tantas já nem sei bem de que terra sou.


Avanço e recuo, às apalpadelas, até encontrar esse centro.


Aquieto os pensamentos tentando todos os caminhos que acho possíveis.


E nesse processo, devo lembrar-me de algo: não devo fazer nada que seja apenas uma confirmação de um valor que não confio que tenho. O exterior raramente me devolve as coisas que preciso de encontrar primeiro dentro de mim.

Freedom

On
February 24, 2023


Às vezes parece que o amor está ligado a uma ideia de troca e de merecimento - só merecemos amor se dermos amor; só devemos dar amor se recebermos amor de volta ou se o outro merecer. 


Ultimamente tenho sentido que é possível sentir amor sem acrescentar nem tirar nada. 


Na prática de simplesmente amar, acontece algo incrível: recebe-se mesmo qualquer coisa de volta. Não de uma forma concreta. Não no campo do fazer ou da acção. Não necessariamente desembocando em algo expressivo como uma relação romântica. Mas como um preenchimento interno, celular, orgânico. Que fica a reverberar em tudo o que faço, pelas pessoas de quem gosto, sem expectativas nem desassossego. 


Não tenho dúvidas de que sou amada por muita gente e de que serei amada por muitas pessoas ao longo da minha vida. Não estou dependente da validação exterior ou de reciprocidade para sentir as diferentes possibilidades do amor. 

A beleza disto é precisamente esta: aprender a amar sem ter o desejo constante de estar em relação libertou-me de um peso gigante. Libertou-me do constante ruído mental. De uma insatisfação disfarçada de desejo. Da armadilha da expectativa.


A fantasia também cabe dentro da realidade. Mas não precisa de se transformar nela.


Quero continuar a dar o melhor de mim mesmo correndo o risco de perder tudo o que ofereço - já aconteceu, mais do que uma vez. E não só sobrevivi, como prosperei. 

Creio que isto se traduz um pouco no “poder da desvinculação” de que fala o Stutz - ser capaz de dizer em silêncio: “I’m willing to loose everything.” E nesse processo perceber que a minha integridade não depende do que recebo de volta. Que nada é de facto permanente. Que é possível querer com toda a minha energia uma coisa e ainda assim ser capaz de a libertar; de me despojar de tudo o que quero mesmo continuando a assumir o trabalho que tiver de ser feito.


Para mim, neste momento, este é o poder criador do amor e da gratidão.


“O que estamos aqui a fazer é entregar-nos a algo que não compreendemos por completo. 

Mas o que quer que exista por aí quer estar ligado a toda a gente.”

Asa delta para o êxtase

On
February 07, 2023

Photo by Igor Mukhin

"At times a broken heart will appear as your teacher, and you will be asked to practice the most radical yogas of sadness and vulnerability. At times you may see that the yoga of a broken heart is the highest path for you and will ask that you set aside all others, placing your tenderness, your aloneness, and the scary places upon the altar in front of you. 

Allow yourself to be the great yogini of the broken heart, for it may be why you have come here—to feel the longing and the burning of this world, to hold and metabolize it inside the grace field of your own body, and to shower beings everywhere with your wisdom and your love. 

You are wedded to the unknown now, and you are willing to give your heart to others and to this world—to use even your sadness, your hopelessness, and your aloneness to connect with others, allowing yourself to be crafted as a wild translucent vessel of kindness."

---

Conclusões sobre Amor e Relações:

* O meu afecto contém multitudes. É vasto.
* É possível gostar de alguém só do lado de dentro. O romance nem sempre tem de acontecer fora. 
* Temos tempo.
* “O que quer que possa acontecer, acontece.”
* No intervalo das coisas é preciso confiança. Fé no caminho e no amor. 
* Intimidade nem sempre está ligada à sexualidade. Às vezes é só presença.
* Não há nada mais íntimo do que chorar ao colo de alguém.
* Estar confusa é como estar inundada por todos os lados.

Processo vs resultado

On
February 07, 2023

photo by Lisa Olivera

Considerações:

* o resultado tem menos a ver comigo do que o processo porque não tenho forma de antecipar ou controlar o que vai acontecer. 

* quando faço algo considero o caminho para lá chegar mas por vezes idealizo também objectivos ou diferentes "outcomes" - nem sempre bate certo com a realidade.  

* se o resultado é muito diferente do esperado ou daquilo que gostaria, tento aprender com isso e pensar no que poderia ter feito diferente. 

* não é por me concentrar apenas no processo que deixo de assumir responsabilidades pelos resultados. 

* se fizer algo que tinha uma intenção inicial mas que acabou por resultar em algo diferente, tento entender o que posso fazer para reparar a situação ou abraço o resultado, mesmo que seja muito diferente do esperado - assumo o "erro". 

* processo é diferente de processo intencional - há coisas que são feitas apenas no presente e outras que são feitas com intenção ou propósito (futuro). 

* será que é possível ser intencional mantendo o foco apenas no presente (no processo)?!

"The sweet unseen"

On
February 07, 2023



Em conversa com a Mariana surgiu isto: estamos todos a dar voz uns aos outros. Isto quer dizer que, em cada movimento, há um potencial de trazer o melhor ou o pior da outra pessoa ao de cima e que estar em relação é - entre muitas coisas - estar nesse equilíbrio suave entre o limite do sentir, do ser, do estar. Do certo e do errado. Da possibilidade de ir ao encontro do outro ou repelir o outro - mesmo que se chegue cheio de boas intenções.

São encontros preciosos aqueles em que, no reflexo, relembro o melhor que há em mim. Mas raramente uma relação é feita apenas de momentos assim. E aí surge antes a necessidade de confiar em mim mesma em vez de esperar que o outro me transmita essa confiança. 

Perder o hábito da expectativa é difícil. Porque tantas vezes a expectativa confunde-se com desejo - mesmo que estas sejam duas coisas tão diferentes.

Quero ver nos outros o melhor de mim. As minhas óptimas intenções. Uma segurança de que sou um ser humano digno de amor. Mas isso é quase sempre uma armadilha incrível. E quando me dou conta já caí e então, percebo - às vezes tenho a sensação de que tarde demais -, que estou apenas a ser relembrada de que sou imperfeita e que não há nada de mal nisso. Que as intenções não reparam relações. E que também eu estou a dar voz a algo que não é meu. E que por isso, no desencontro, a única coisa a fazer é continuar a acreditar em mim (em nós) e não no que diz o espelho. 

Bom ou mau - não é suposto criar apego com nada. É suposto libertar essas crenças. A compulsão do stress e do drama e de ficar refém das emoções.

Mad World

On
January 31, 2023
Estar zangado é uma escolha que traz consigo uma longa cauda. 

* Pode ser apego ao que gostava que fosse mas que não é. 
* Pode ser ego magoado e ressentido. 
* Pode ser proteção - porque assim cuido de mim e das minhas necessidades com a certeza de que não vou abandonar-me (coisa que é muito difícil de acontecer quando arranjo justificações para tudo o que me está a acontecer). 

Estar zangada é a ponta do icebergue. Por baixo da linha da água, está a vergonha - um sentimento de humilhação. A dúvida. A tristeza. Querer algo que não acontece - e que não faço ideia se vai acontecer. 

Mas eu quero estar em casa. Quero descansar. 

Por isso, às vezes, sabendo que nada dura para sempre, permito-me esta zanga momentânea que é só minha e que não vou partilhar. Sinto-me mais saudável e genuína neste processo. 

Não há receitas. 
Talvez um dia - quando for muito mais evoluída - possa escolher não me zangar. Com paz e aceitação. 
Agora, aceito o que há - que é zanga, quando há zanga. E faço umas longas e devidas pausas do resto. Para poder libertar tudo isto para o espaço. E seguir caminho com amor.

Intenção, palavra, ação!

On
January 22, 2023



O que está por trás de cada passo? O que quero expressar? Porquê? Para quê?

“Às vezes a palavra é a única ação possível.”


Por trás dos meus quereres e dos meus desejos ajo com cautela e paciência. Porque sei que a minha intenção é respeitar o silêncio, o ritmo, a disponibilidade possível em cada momento.

Há momentos em que tento não interferir, nem com palavras. Porque aposto na continuidade - no que pode ser. E para o que puder ser poder acontecer de facto, isto é necessário. Ficar quieta. Aquietar a mente. Aquietar a constante necessidade de agir sobre as coisas. Aplicar essa energia em práticas que me alimentam e libertam.


Não há segredos. Eu viajo nesse espaço vazio que vai criando ondas e se vai reflectindo naquilo que sou. 

O que o outro não manifesta. O que a vida não desenrola. O que fica por acontecer…


Nos silêncios inexplicáveis é como se existisse um pedido de equilíbrio que reverbera incessantemente - move-te, vai ao teu encontro, como é que estás a acontecer? O que está vivo dentro de ti? O que é que não podes parar?


Então danço, durmo, teço, leio, ouço, cozinho, aspiro, cuido, limpo, imagino, salto, liberto, canto, escrevo, rio, choro, converso, interpreto, exploro, abro, valorizo, valido, amo.


Foi esse o convite que decidi aceitar. E surpreendo-me a cada reencontro comigo mesma. 





Deixar viver o que precisa viver

On
January 20, 2023


Regresso ao futuro através do passado. Uma coisa impossível todos os dias.


"Uma coisa que me põe triste é que não exista o que não existe.

(Se é que não existe, e isto é que existe!)


Há tantas coisas bonitas que não há:

coisas que não há,

gente que não há,

bichos que já houve e já não há,

livros por ler,

coisas por ver,

feitos desfeitos, outros feitos por fazer,

pessoas tão boas ainda por nascer e outras que morreram há tanto tempo!


Tantas lembranças de que não me lembro,

sítios que não sei,

invenções que não invento,

gente de vidro e de vento,

países por achar, paisagens,

plantas,

jardins de ar,

tudo o que eu nem posso imaginar porque se o imaginasse já existia

embora num sítio onde só eu ia..."

Manuel António Pina


——


Deixar viver o que precisa viver.

Deixar morrer o que precisa morrer.

Escutar a música que se encontra no meio desses dois momentos.

E dançar!

"So tell me when you hear my heart stop."

On
January 17, 2023




Perdoem-me desde já a confusão deste texto que se segue mas precisava de escrever para me organizar e desta vez (não sei porquê) apeteceu-me fazê-lo aqui neste espaço...


Como acontece tantas vezes, faço minhas as palavras da Marlee Grace:


"I’ve been gifted the crystal vision of myself, tied to nothing but the Earth. I have fortified myself little by little, sure of nothing, trusting everything. The dice say god on every side so whichever way you roll them that’s how they land. 

I promise to fall with great might and with great trust, because my steadiness holds me in a way that can’t be swept away."




Acreditar, ter fé, alimentar a esperança - o dado ter Deus escrito em todas as suas faces e deixar de importar para que lado roda -, tudo são forças misteriosas que por um lado alimentam o sonho e por outro alimentam a realidade (porque a miragem também dá alento).



Tenho-me sentido indecisa sobre isto, em todo o caso. 


"Giving up showed me I can give up and stay alive simultaneously. And while there are gifts there are also no gifts."



Sempre tive muita confiança na vida. Procurei construir significados naquilo que faço e dar intenções claras ao que sou para poder apaziguar-me em relação ao meu próprio valor e à necessidade de dar um qualquer sentido a tudo isto. Mas nos momentos em que há zero presentes, zero reciprocidade, zero disponibilidade do lado de fora, é como se ficasse vazia de tudo por dentro também. Tenho vontade de desistir - mas, para ser sincera, não sei como é que isso se faz, nem sei bem do que é que estaria a desistir, portanto continuo.



Se por um lado, continuar sem fé é como estar a tentar remar em cima de um monte de areia - nada mexe e cansa muito. 

(Nada sai do mesmo lugar porque falta qualquer coisa fundamental para se poder avançar.)

Pelo menos, em cima daquele monte de areia há uma sensação de controlo. Porque sei exactamente onde estou. Está tudo seguro. É tudo conhecido e familiar. E isso também dá uma falsa sensação de fé (vai tudo resolver-se portanto não preciso de fazer absolutamente nada).


(Isto é um pouco confuso para mim e vou tentando organizar os meus pensamentos à medida que os escrevo.)


O que quero dizer  de facto é que a fé é o que me impulsiona mas também é o que me trava tantas vezes numa qualquer espera vã. 

Ou seja, apesar do que escrevi antes (eis o paradoxo), nem sempre acredito que a fé me ajude a sair do mesmo lugar. 

Não sei qual destas coisas é mais certa - a ação ou a espera. Acreditar ou desistir... 

Pode ser que nenhuma das duas esteja realmente errada – talvez seja apenas uma questão de contexto ou de perspectiva. Mas há momentos em que parece que estou só à procura de coisas impossíveis e isso deixa-me exausta. 



Resta-me ficar apenas num estado de rendição. Compreender que posso divertir-me. Mesmo que às vezes pareça tudo tão sério...

(É o que estou a tentar praticar.)


"Into my heart and upon
My skin.
There is only one rule

On this Wild Playground,
For every sign Hafiz has ever seen
Reads the same.
They all say,
“Have fun, my dear; my dear, have fun,
In the Beloved’s Divine Game
O, in the Beloved’s
Wonderful Game."