"Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa a lua e o sol: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exatamente onde o meu braço chega,
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só me posso sentar onde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir é valer que nós pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo."
–
Alberto Caeiro
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"I do not hurry. Hurry about what?
The moon and the sun do not hurry: they are right.
To be hurry is to believe that we pass on the legs,
Or that, given a leap, jump over the shadow.
No, I do not hurry.
If I extend the arm, I get exactly where my arm reaches,
Not an inch further.
I only touch where I touch, not where I think.
I can only sit where I am.
And this makes us laugh as all truths absolutely true,
But what makes us laugh is worth that we always think of something else,
And we are stray of our body."
–
Alberto Caeiro