the hands show the way of the heart

Image Slider

O futuro assenta na confiança no presente

On
September 27, 2023




Nos momentos de maior incerteza que já vivi surgiu-me praticamente em simultâneo uma certeza absoluta: vai correr tudo bem! Isto às vezes ressoa dentro de mim com tanta determinação e com tanta força que a única coisa que posso fazer é acreditar que é verdade.

Confiar na incerteza.

Gostava que a felicidade fosse contagiosa. É um sonho que tenho.
Por vezes, faço o milagre de me contagiar a mim mesma e isso toma conta - espalha-se. Dissemina-se. Alastra-se. (Para quem quiser agarrar.)

Quando estou inteira no presente não consigo sentir qualquer preocupação com o futuro.
Mesmo quando o presente está bera e assustador.

Se o meu bem-estar não depender de mais nada, para além de si mesmo, o que é que acontece?

Ser Só uma pessoa

On
September 26, 2023


Photo by Bruno Grilo


Estar à espera da confirmação daquilo que acho que sou - estar à espera que validem a minha existência, experiência, forma de ser -, é algo que nunca chega de facto a ser uma dádiva.

Se não acontece, lembro-me do vazio que é não me contentar apenas com Ser. Também precisar de Aparecer (de ser vista).

Se acontece, perceber que isso afinal não vale nada. Ou que vale tanto como uma crítica. E que é só um julgamento e uma ilusão - uma percepção do outro com a qual me identifiquei, porque me fez sentir bem sobre mim mesma.

Ser Só uma pessoa dá trabalho. Não querer mais nada do que isso é um constante lembrete de que não há forma de não falhar. Mas que nessa imperfeição há um reino de amor à espera - a possibilidade de bastar. De largar o fingimento ou a ideia de querer alguma coisa. E de perceber que a vida não me deve nada.

Deixar cair o hábito

On
September 25, 2023

Deixar de fazer as coisas da forma que faço normalmente. 

Perceber quando essas coisas já não servem. 

Apanhar-me na curva. 

Mudar.


Primeiro quero fazer diferente mas não consigo. 

Tento, ainda assim. Mas passado pouco tempo volto àquilo que me é familiar. 


Continuo a tentar.


Consigo mudar por mais um bocadinho de tempo.


Percebo que está tudo diferente mas a mente não me larga. 

Sinto culpa e vergonha e começo a ter dúvidas. 

Será que não devia ter mudado? 

Será que isto é mesmo o melhor para mim? 

Será que estou a ser uma má pessoa? 

(Coisas assim.)


Faço um esforço para acalmar os pensamentos e reforço para mim mesma que fiz o melhor que podia. Que não faz mal desistir. 


Falhar custa-me menos do que não tentar. 

Falhar também é experiência. 

Desistir das coisas custa-me, porque parece que não aprendi nada. 

Mas, às vezes, desistir é só saber aceitar as coisas como elas se apresentam em cada momento - sem tentar acrescentar nada.

Desistir abre espaço. Liberta. 

Às vezes, desistir de algo é a única maneira de não desistir de mim.


Com o tempo, começo a achar que a dúvida, como tudo o resto, também só quer ter um espaço para existir e ser ouvida. Então ouço. E respondo a mim mesma compassivamente: está tudo bem. Estás a fazer tudo bem.


Procuro encontrar um caminho do meio. Um caminho que não me afaste de tal forma de mim mesma que às tantas já nem sei bem de que terra sou.


Avanço e recuo, às apalpadelas, até encontrar esse centro.


Aquieto os pensamentos tentando todos os caminhos que acho possíveis.


E nesse processo, devo lembrar-me de algo: não devo fazer nada que seja apenas uma confirmação de um valor que não confio que tenho. O exterior raramente me devolve as coisas que preciso de encontrar primeiro dentro de mim.