Deixar de fazer as coisas da forma que faço normalmente.
Perceber quando essas coisas já não servem.
Apanhar-me na curva.
Mudar.
Primeiro quero fazer diferente mas não consigo.
Tento, ainda assim. Mas passado pouco tempo volto àquilo que me é familiar.
Continuo a tentar.
Consigo mudar por mais um bocadinho de tempo.
Percebo que está tudo diferente mas a mente não me larga.
Sinto culpa e vergonha e começo a ter dúvidas.
Será que não devia ter mudado?
Será que isto é mesmo o melhor para mim?
Será que estou a ser uma má pessoa?
(Coisas assim.)
Faço um esforço para acalmar os pensamentos e reforço para mim mesma que fiz o melhor que podia. Que não faz mal desistir.
Falhar custa-me menos do que não tentar.
Falhar também é experiência.
Desistir das coisas custa-me, porque parece que não aprendi nada.
Mas, às vezes, desistir é só saber aceitar as coisas como elas se apresentam em cada momento - sem tentar acrescentar nada.
Desistir abre espaço. Liberta.
Às vezes, desistir de algo é a única maneira de não desistir de mim.
Com o tempo, começo a achar que a dúvida, como tudo o resto, também só quer ter um espaço para existir e ser ouvida. Então ouço. E respondo a mim mesma compassivamente: está tudo bem. Estás a fazer tudo bem.
Procuro encontrar um caminho do meio. Um caminho que não me afaste de tal forma de mim mesma que às tantas já nem sei bem de que terra sou.
Avanço e recuo, às apalpadelas, até encontrar esse centro.
Aquieto os pensamentos tentando todos os caminhos que acho possíveis.
E nesse processo, devo lembrar-me de algo: não devo fazer nada que seja apenas uma confirmação de um valor que não confio que tenho. O exterior raramente me devolve as coisas que preciso de encontrar primeiro dentro de mim.