the hands show the way of the heart

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You are therefore I am

On
November 18, 2022

photo by @Bruno Grilo



Às vezes leio sobre a importância de entender que o que os outros pensam e dizem sobre mim é "mais sobre eles do que sobre mim". Nesses momentos, pergunto-me: mais quanto?


Tem-me interessado sobretudo usar o meu tempo e a minha energia para assumir responsabilidades. As minhas!


O que os outros pensam sobre mim conta uma série de histórias. Fala, sim, sobre a sua narrativa, sobre condicionamentos sociais e também fala sobre mim, claro. Mas a realidade raramente é apenas o que eu penso… 



Por estas razões, quando alguém faz um comentário a meu respeito, tento manter-me, antes de mais, curiosa. 



Ultimamente, acho graça e divirto-me ao pensar que há tanta coisa que não sei que sou, tanta coisa que vive à minha sombra que, o que é de facto interessante, é ouvir e tentar não me ofender com nada. 


Se calhar aquela percepção é sobre uma máscara minha que nem sabia que tinha. Se calhar descubro que quando falo de uma determinada maneira sou ouvida de uma forma que nem imaginava. Se calhar não. Se calhar conta a história dele/dela mas assim, se não me ocupar a fazer julgamentos bons ou maus, tenho a oportunidade de empatizar. De ouvir. De ficar a observar.

Acima de tudo, de não me excluir da relação. Nem das suas possibilidades. 


No entanto, se achar que o que o outro diz ou pensa é só sobre o ele/ela, estou a entrar naturalmente em modo reactivo. E não aprendi grande coisa sobre mim. 



Toda a gente tem feridas. Não tenho que aceitar tudo bem e muito menos desculpar tudo o que me dizem ou me fazem (para mim isto é claro). 


Estou longe de ser perfeita e também tenho necessidade de pertencer e de ser amada e validada como toda a gente. Mas compreendo que preciso de estar em paz comigo e com os meus defeitos para ter relações cada vez mais saudáveis. Tenho de fazer o luto da perfeição. Tenho de ser gentil com o meu crítico interno.

E percebo que fico mais em paz quanto menos me ofendo com a percepção que os outros têm desses defeitos. Quanto mais curiosa estou sobre o que me rodeia. Quanto mais me compreendo vista pelos muitos olhares que me observam.

Não é de todo uma receita. É um caminho aos altos e baixos.

Às vezes parece que ando só para trás e para a frente sem sair realmente do mesmo sítio.

No entanto, celebro o facto de pelo menos já ter chegado até aqui. Pouco a pouco. 


"Não há longe nem distância"

On
November 04, 2022
Quando não há nenhum presente para dar - nenhum presente que se agarre nas mãos e se veja com os olhos -, imagino que ofereço algo que só o outro pode ver. Alguma coisa que lhe dá o poder de conhecer a alegria de se elevar sobre o mundo e sobre as suas preocupações. E de, cá em baixo, encontrar respostas para todas as suas perguntas e angústias. 

Este presente, como todas as coisas que não são materiais, tornar-se-á mais poderoso à medida que for sendo usado. Até que, com o tempo, deixará de ser necessário continuar a imaginá-lo porque se compreende que as únicas coisas que contam são apenas as que são feitas de verdade e de alegria. 

Este presente invisível, como qualquer presente que se oferece a um amigo, é a esperança na sua felicidade. 

Assim, receber algo é também uma dádiva. Aprender a receber é dar algo ao outro. Não há dualidade nisto de estar vivo. 


In the act of giving there are always two people receiving.

*
Inspirado no livro de Richard Bach "Não há longe nem distância."