the hands show the way of the heart

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Freedom

On
February 24, 2023


Às vezes parece que o amor está ligado a uma ideia de troca e de merecimento - só merecemos amor se dermos amor; só devemos dar amor se recebermos amor de volta ou se o outro merecer. 


Ultimamente tenho sentido que é possível sentir amor sem acrescentar nem tirar nada. 


Na prática de simplesmente amar, acontece algo incrível: recebe-se mesmo qualquer coisa de volta. Não de uma forma concreta. Não no campo do fazer ou da acção. Não necessariamente desembocando em algo expressivo como uma relação romântica. Mas como um preenchimento interno, celular, orgânico. Que fica a reverberar em tudo o que faço, pelas pessoas de quem gosto, sem expectativas nem desassossego. 


Não tenho dúvidas de que sou amada por muita gente e de que serei amada por muitas pessoas ao longo da minha vida. Não estou dependente da validação exterior ou de reciprocidade para sentir as diferentes possibilidades do amor. 

A beleza disto é precisamente esta: aprender a amar sem ter o desejo constante de estar em relação libertou-me de um peso gigante. Libertou-me do constante ruído mental. De uma insatisfação disfarçada de desejo. Da armadilha da expectativa.


A fantasia também cabe dentro da realidade. Mas não precisa de se transformar nela.


Quero continuar a dar o melhor de mim mesmo correndo o risco de perder tudo o que ofereço - já aconteceu, mais do que uma vez. E não só sobrevivi, como prosperei. 

Creio que isto se traduz um pouco no “poder da desvinculação” de que fala o Stutz - ser capaz de dizer em silêncio: “I’m willing to loose everything.” E nesse processo perceber que a minha integridade não depende do que recebo de volta. Que nada é de facto permanente. Que é possível querer com toda a minha energia uma coisa e ainda assim ser capaz de a libertar; de me despojar de tudo o que quero mesmo continuando a assumir o trabalho que tiver de ser feito.


Para mim, neste momento, este é o poder criador do amor e da gratidão.


“O que estamos aqui a fazer é entregar-nos a algo que não compreendemos por completo. 

Mas o que quer que exista por aí quer estar ligado a toda a gente.”

Asa delta para o êxtase

On
February 07, 2023

Photo by Igor Mukhin

"At times a broken heart will appear as your teacher, and you will be asked to practice the most radical yogas of sadness and vulnerability. At times you may see that the yoga of a broken heart is the highest path for you and will ask that you set aside all others, placing your tenderness, your aloneness, and the scary places upon the altar in front of you. 

Allow yourself to be the great yogini of the broken heart, for it may be why you have come here—to feel the longing and the burning of this world, to hold and metabolize it inside the grace field of your own body, and to shower beings everywhere with your wisdom and your love. 

You are wedded to the unknown now, and you are willing to give your heart to others and to this world—to use even your sadness, your hopelessness, and your aloneness to connect with others, allowing yourself to be crafted as a wild translucent vessel of kindness."

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Conclusões sobre Amor e Relações:

* O meu afecto contém multitudes. É vasto.
* É possível gostar de alguém só do lado de dentro. O romance nem sempre tem de acontecer fora. 
* Temos tempo.
* “O que quer que possa acontecer, acontece.”
* No intervalo das coisas é preciso confiança. Fé no caminho e no amor. 
* Intimidade nem sempre está ligada à sexualidade. Às vezes é só presença.
* Não há nada mais íntimo do que chorar ao colo de alguém.
* Estar confusa é como estar inundada por todos os lados.

Processo vs resultado

On
February 07, 2023

photo by Lisa Olivera

Considerações:

* o resultado tem menos a ver comigo do que o processo porque não tenho forma de antecipar ou controlar o que vai acontecer. 

* quando faço algo considero o caminho para lá chegar mas por vezes idealizo também objectivos ou diferentes "outcomes" - nem sempre bate certo com a realidade.  

* se o resultado é muito diferente do esperado ou daquilo que gostaria, tento aprender com isso e pensar no que poderia ter feito diferente. 

* não é por me concentrar apenas no processo que deixo de assumir responsabilidades pelos resultados. 

* se fizer algo que tinha uma intenção inicial mas que acabou por resultar em algo diferente, tento entender o que posso fazer para reparar a situação ou abraço o resultado, mesmo que seja muito diferente do esperado - assumo o "erro". 

* processo é diferente de processo intencional - há coisas que são feitas apenas no presente e outras que são feitas com intenção ou propósito (futuro). 

* será que é possível ser intencional mantendo o foco apenas no presente (no processo)?!

"The sweet unseen"

On
February 07, 2023



Em conversa com a Mariana surgiu isto: estamos todos a dar voz uns aos outros. Isto quer dizer que, em cada movimento, há um potencial de trazer o melhor ou o pior da outra pessoa ao de cima e que estar em relação é - entre muitas coisas - estar nesse equilíbrio suave entre o limite do sentir, do ser, do estar. Do certo e do errado. Da possibilidade de ir ao encontro do outro ou repelir o outro - mesmo que se chegue cheio de boas intenções.

São encontros preciosos aqueles em que, no reflexo, relembro o melhor que há em mim. Mas raramente uma relação é feita apenas de momentos assim. E aí surge antes a necessidade de confiar em mim mesma em vez de esperar que o outro me transmita essa confiança. 

Perder o hábito da expectativa é difícil. Porque tantas vezes a expectativa confunde-se com desejo - mesmo que estas sejam duas coisas tão diferentes.

Quero ver nos outros o melhor de mim. As minhas óptimas intenções. Uma segurança de que sou um ser humano digno de amor. Mas isso é quase sempre uma armadilha incrível. E quando me dou conta já caí e então, percebo - às vezes tenho a sensação de que tarde demais -, que estou apenas a ser relembrada de que sou imperfeita e que não há nada de mal nisso. Que as intenções não reparam relações. E que também eu estou a dar voz a algo que não é meu. E que por isso, no desencontro, a única coisa a fazer é continuar a acreditar em mim (em nós) e não no que diz o espelho. 

Bom ou mau - não é suposto criar apego com nada. É suposto libertar essas crenças. A compulsão do stress e do drama e de ficar refém das emoções.