Em conversa com a Mariana surgiu isto: estamos todos a dar voz uns aos outros. Isto quer dizer que, em cada movimento, há um potencial de trazer o melhor ou o pior da outra pessoa ao de cima e que estar em relação é - entre muitas coisas - estar nesse equilíbrio suave entre o limite do sentir, do ser, do estar. Do certo e do errado. Da possibilidade de ir ao encontro do outro ou repelir o outro - mesmo que se chegue cheio de boas intenções.
São encontros preciosos aqueles em que, no reflexo, relembro o melhor que há em mim. Mas raramente uma relação é feita apenas de momentos assim. E aí surge antes a necessidade de confiar em mim mesma em vez de esperar que o outro me transmita essa confiança.
Perder o hábito da expectativa é difícil. Porque tantas vezes a expectativa confunde-se com desejo - mesmo que estas sejam duas coisas tão diferentes.
Quero ver nos outros o melhor de mim. As minhas óptimas intenções. Uma segurança de que sou um ser humano digno de amor. Mas isso é quase sempre uma armadilha incrível. E quando me dou conta já caí e então, percebo - às vezes tenho a sensação de que tarde demais -, que estou apenas a ser relembrada de que sou imperfeita e que não há nada de mal nisso. Que as intenções não reparam relações. E que também eu estou a dar voz a algo que não é meu. E que por isso, no desencontro, a única coisa a fazer é continuar a acreditar em mim (em nós) e não no que diz o espelho.
Bom ou mau - não é suposto criar apego com nada. É suposto libertar essas crenças. A compulsão do stress e do drama e de ficar refém das emoções.
Be First to Post Comment !
Post a Comment