Uma casa é como uma pessoa que nos faz sentir visita quando lá entramos a primeira vez.
Abrimos a porta, o olhar cruza-se com o espaço vazio. O eco ensurdece. E as paredes, esburacadas e usadas, contam uma história. Lembram-nos que ali se viveram outras vidas.
Há muitos anos atrás, quando ainda só desenhava aquilo que queria escrever, imaginei uma casa com pernas. As rachas nas paredes eram rugas, a fachada era uma rosto e o seu interior, vazio, envelhecia lentamente, sem nunca ter sido habitado.
Não sei que dia é hoje.
Estamos em 1949.
Eu tenho 45 anos e estou desabitada. Como uma casa abandonada, o meu corpo tende a revelar aquilo que a minha mente se esforça por ocultar.
Todos os dias, desde há 25 anos, escrevo uma carta de amor para alguém. Tenho, no meu armário, 52 kg de cartas de amor, o meu peso em pedaços de papel. O meu peso em memórias de alguém que vi um dia e julguei, naquele momento, nunca querer esquecer. Nunca cheguei a conhecer as pessoas a quem escrevi e todas as minhas cartas terminavam com uma pergunta:
— “Qual a razão para estares a demorar tanto tempo a querer conhecer-me?”
Acreditei sempre que bastava olhar fixamente para alguém para ser notada, para existir. Desejava que os outros conseguissem descobrir em mim coisas que eu não conhecia. E acreditava que tínhamos que construir algo juntos. Aquela era a minha visão, apenas. A isso chama-se fé, não precisar de provas para acreditar que é possível. Mas será que vale a pena ter fé quando todos os índicios nos dizem para não ter?
A isso pode chamar-se teimosia.
*Uma Biografia em Forma de Metáfora.
http://olivrodosprefacios.com/
Abrimos a porta, o olhar cruza-se com o espaço vazio. O eco ensurdece. E as paredes, esburacadas e usadas, contam uma história. Lembram-nos que ali se viveram outras vidas.
Há muitos anos atrás, quando ainda só desenhava aquilo que queria escrever, imaginei uma casa com pernas. As rachas nas paredes eram rugas, a fachada era uma rosto e o seu interior, vazio, envelhecia lentamente, sem nunca ter sido habitado.
Não sei que dia é hoje.
Estamos em 1949.
Eu tenho 45 anos e estou desabitada. Como uma casa abandonada, o meu corpo tende a revelar aquilo que a minha mente se esforça por ocultar.
Todos os dias, desde há 25 anos, escrevo uma carta de amor para alguém. Tenho, no meu armário, 52 kg de cartas de amor, o meu peso em pedaços de papel. O meu peso em memórias de alguém que vi um dia e julguei, naquele momento, nunca querer esquecer. Nunca cheguei a conhecer as pessoas a quem escrevi e todas as minhas cartas terminavam com uma pergunta:
— “Qual a razão para estares a demorar tanto tempo a querer conhecer-me?”
Acreditei sempre que bastava olhar fixamente para alguém para ser notada, para existir. Desejava que os outros conseguissem descobrir em mim coisas que eu não conhecia. E acreditava que tínhamos que construir algo juntos. Aquela era a minha visão, apenas. A isso chama-se fé, não precisar de provas para acreditar que é possível. Mas será que vale a pena ter fé quando todos os índicios nos dizem para não ter?
A isso pode chamar-se teimosia.
*Uma Biografia em Forma de Metáfora.
http://olivrodosprefacios.com/
Be First to Post Comment !
Post a Comment