the hands show the way of the heart

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Dois corações

On
February 28, 2016


#Quinta semana em Inglaterra

A vida com dois corações dentro de mim apresenta-se nova, desconhecida, surpreendente.

Há um bébé que pulsa e dança e cresce na minha barriga e eu vou conhecendo quem ele é através de mim própria. Das emoções que fluem. Da tristeza que corre sem eu perceber bem porquê. Das preocupações que emergem. Do amor, que protege e cuida de mim e dele ou dela.

Fazer esta viagem no início da minha primeira gravidez está a ser uma gestação completa. De dentro para fora. E eu só posso agradecer por este bébé – que é pássaro, baleia, flor silvestre – ter escolhido embarcar comigo e com o Bruno agora, neste momento tão incerto das nossas vidas. 

Ele/ela vem ensinar-nos qual é o verdadeiro sentido de entrega e confiança. Então seguimos os três, a dançar na água morna, à espera das revelações do parto, da vida e do mundo.


#Fifth week in UK

Life with two hearts presents itself new, unknown, surprising.

There is a baby pulsating and dancing and growing inside my belly and I am understanding who he/she is through myself. From the flowing emotions. From the sadness that runs even when I don't understand why. From the preoccupation that emerge. From the love that protects and nurtures me and he or she.

Doing this trip in the beginning of my first pregnancy is being a complete gestation. From inside out. And I can only be thankful for this baby – who is bird, whale, wild flower – had chosen to come with me and Bruno now during this uncertain moment of our lives.

He/ she comes to teach us what is the true meaning of surrending and trust. So the three of us keep on going. Dancing in the warm water. Waiting for the revelations o birth, life and the world.

A inércia da acção

On
February 12, 2016

#Quarta semana em Inglaterra

"The difference between reaction and response is a pause.
In the pause is a listening.
In the listening is an accommodation, a re-arrangement of the inner furniture and a re-alignment or adjustment of intention.
Finally there is a preparation toward the mutual exploration and engagement of what will serve US, you, me and the world.
This is response, and it includes all that is present."
Text via Rob Galacticus Prime
Photo via Ana Cardetas

Pausa. Silêncio. Tempo. A importância de parar para aprender a confiar.


#Fourth week in UK

Pause. Silence. Time. The importance of stop in order to learn how to trust.

A teia

On
February 04, 2016

#Terceira semana em Inglaterra

A semana passada montei a teia no tear novo pela primeira vez e percebi a primeira lição da tecelagem:

– A teia tem sempre razão!

Já não tecia há muito tempo e não tenho ainda muita experiência com a tecelagem para fazer tudo sem cometer aqueles pequenos erros de principiante.
Montei a teia e claro, à medida que o trabalho se foi desenvolvendo, foram aparecendo falhas e acabei por decidir fazer tudo de novo.

No entanto, aqui fica o resultado desta primeira tentativa. E da lã que sobrou pelo caminho.

A teia é a estrutura.
Quando olhamos para uma peça tecida à mão, o que salta à vista é a trama… as cores, os padrões, a forma. Mas nada disso é possível de acontecer, se a estrutura estiver errada.

Nota para mim mesma: Cuida da estrutura, o resto vem a seguir! :)



#Third week in UK

Last week I put the warp on my new loom for the first time and understood the first lesson of weaving:

– The warp is always right!

I didn't wove for a while and I don't have that much of experience with weaving to do everything without those little errors of a beginner.
I  set up my warp and of course as the work was developing small errors started to appear so I just decided to do everything all over again.

However here is the result of this first try. And the wool that stood behind.

The warp is the structure.
When we look to an hand weaved work what pops out is the weft… the colours, the patterns and the shape. But none of those things really matter if the structure is wrong.

Note to self: Take care of the structure everything else will come after! :)

Who who?

On
February 04, 2016


#Segunda semana em Inglaterra

No lugar onde vivo há um sem fim de pássaros à volta.
É bom ficar a observá-los, vê-los em puro equilibrismo sobre os estreitos ramos de árvore. Acordar com essa sensação de natureza e de silêncio que eles trazem. Encantar-me com a beleza das penas e dos movimentos fluídos de quem sabe voar…

Os pássaros estão sempre no fluxo. Não têm tempo. O seu ritmo é o do vento, o das estações, o do poiso que está vazio ou ocupado por outros. Eles conhecem o dia e a noite. E se estiverem em forma, nunca sentem medo de cair. Na realidade, não sentem medo de todo. Porque instinto é isso, quando se sentimos medo sermos capazes de fugir, de atacar ou rendermo-nos.

É engraçado lembrar-me que na minha segunda e terceira semana por aqui sentia um pássaro no telhado. Como se fosse um mocho ou uma coruja que dizia: who! who!
Fiquei a pensar que ele falava comigo e que me fazia esta pergunta: quem és tu?
Então na minha segunda semana essa foi a pergunta que ecoou. Que me manteve agarrada ao medo – essa coisa tão humana. Medo de falhar, de não conseguir fazer algo com propósito ou sentido. Medo do meu ritmo, que muitas vezes é bem mais parecido com o dos pássaros do que eu gostaria.

A minha mente tem-me pregado muitas partidas.
Mas no meio da tempestade, tenho de ficar no coração e lembrar-me: quem sou eu!? Porque esse é o meu centro. É o que me impede de cair.

(Corações ao alto.)


#Second week in UK

In the place where I live there's a whole bunch of birds around.
It's nice to watch them in pure balance on the top of the narrow tree branches. Waking up with this sensation of nature and silence that they bring. Be delighted by the beauty of their feathers and the fluid movements from those who know how to fly…

Birds are always in the flow. They don't have time. Their rhythm is the wind. The seasons. The perch that is empty or occupied by others. If they're in shape they never fear to fall. In fact they don't feel fear at all. Because instinct is like this. When in fear be able to run, attack or surrender.

It's funny to remember that on my second and third week in here I was feeling a bird on the rooftop. It was like a owl that kept saying: who! who!
I wondered if he was asking me: who are you?
So on this second week that question echoed. And kept hanging on fear – such a human thing. The fear of failing, of not be able to something meaningful or with a sense of purpose. Fear of my own rhythm that so many times is way much more similar to the birds rhythm that I would like.

My mind plays tricks on me.
But in the middle of the storm I must stay with my heart and remember: who am I?! Because that is my centre. It's what keeps me from falling.

(Hearts up high.)