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Numa conversa com a minha mãe percebi que aquilo que terá guiado a minha mãe no passado parece ser bastante diferente daquilo que me guia a mim neste preciso momento.
E foi importante para mim ter clareza, nesta viagem da maternidade, do que é que me guia exactamente. Para que direção eu quero ir. Apesar de toda a bagagem que trago dos meus pais, avós, tios e tias e até amigos.
Hoje eu sei que como mãe a minha intenção é ser porto de abrigo.
Eu não quero preparar a Eva para a vida porque eu não sei o que é que a vida Dela lhe reserva. Eu não quero educá-la com rigidez e autoridade porque quero que a minha relação com ela seja flexível, tolerante, compassiva, aberta.
Como mãe eu quero ser capaz de relacionar-me e conectar-me com a minha filha. Quero que possamos aprender a comunicar. Quero que ela seja exactamente a pessoa que ela tiver que ser. E que eu possa ser também exactamente a pessoa que sou. Quero construir respeito mútuo respeitando-a e aprendendo com ela.
A Eva tem o mesmo valor que eu.
O que ela pensa e sente e quer tem o mesmo valor que aquilo que eu penso, sinto e quero.
Por isso, o que eu posso dar-lhe neste momento em que ela ainda precisa tanto de atenção e de cuidado é proporcionar-lhe liberdade com direção. De forma a que ela possa entender e expressar o que quer mesmo que queira coisas muito diferentes de mim.
Por estas razões, quando alguém me diz: "ela não pode fazer só o que ela quer." eu tenho reais dificuldades em entender o que isso quererá dizer...
E questiono-me, será que quer dizer que ela deve fazer o que eu quero?
Consequentemente é importante parar para pensar:
Para que é que isso me serviria?
Será que se eu tivesse mais autoridade eu me sentiria mais forte e mais capaz?
E ela, como se sentiria?
Que tipo de adulto ela será se eu me preocupar mais em levar a água ao meu moinho do que em perceber o que está vivo e pulsante dentro dela?
A Mikaela Oven costuma perguntar: queremos que os nossos filhos sejam adultos obedientes? Ou queremos que eles tenham opiniões próprias e sentido crítico?
Um dia a minha filha vai crescer e vai continuar a precisar de mim de vez enquando tal como eu preciso dos meus pais ainda tantas vezes. Que bom será que ela nunca duvide que eu sou Mãe dela para sempre. Que a aceito sem julgamento, chantagens, manipulações. Que lhe digo que Não apenas quando não posso realmente dizer que Sim. Que sou capaz de lhe pedir desculpas e de a abraçar mesmo quando me zango... porque me apercebo que nem todas as vezes que me zango estou zangada com ela.
Na prática do dia-a-dia eu perco muitas vezes o norte e perco muitas vezes a paciência e já gritei muitas vezes e disse que não muitas vezes quando podia largar a situação e dizer "sim". No entanto, é bom saber o que me guia. É bom ter uma intenção!
E isto é uma tomada de consciência diária. Um trabalho constante para toda a vida que eu desejo fazer com ela e comigo mesma.
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In a conversation with my mother I noticed that what has guided my mother in the past seems to be quite different from what guides me at this very moment.
And it was important for me to be clear, on this trip of motherhood, of what exactly guides me. In what direction I want to go. Despite all the luggage I bring from my parents, grandparents, uncles and aunts and even friends.
Today I know that as a mother my intention is to be a safe haven.
I do not want to prepare Eva for life because I do not know what Life she is supposed to live. I do not want to educate her with rigidity and authority because I want my relationship with her to be flexible, tolerant, compassionate, open.
As a mother I want to be able to relate to and connect with my daughter. I want us to learn how to communicate. I want her to be exactly the person she needs to be. And that I may also be exactly the person I am. I want to build mutual respect by respecting her and learning from it.
Eva has the same value as a person as me.
What she thinks and feels and wants has the same value as what I think, feel and want.
So what I can give her at this time when she still needs both attention and care is to provide her freedom with direction. So that she can understand and express what she wants even if she wants things that are very different from what I want.
For these reasons, when someone tells me, "she can not do only what she wants." I really struggle to understand what this means ...
And I wonder, does it mean that she should do what I want?
Consequently it is important to stop and think:
What would that serve me for?
Could it be that if I had more authority, I would feel stronger and more capable?
And how would she feel with this?
What kind of an adult will she be if I worry more about being right than observe what is alive inside her?
Mikaela Oven often asks: Do we want our children to be obedient adults? Or do we want them to have their own opinions and critical sense?
One day my daughter will grow up and will continue to need once in a while as I need my parents yet so many times. How good it will be that she never doubts that I am her Mother forever. That I accept her without judgment, blackmail, manipulations. That I tell her No only when I really can not say Yes. That I will apologize and hug her even when I get angry ... because I realize that not every time I get angry I'm angry with her.
In day-to-day practice I often miss out on this and often loose my patience. I had screamed at her many times and said No many times when I could just let things go and say "yes." However, it is good to know what guides me. It's good to have an intention!
And this is a daily awareness. A constant work for all my life that I wish to do with her and with myself.
Andreia, que linda reflexão!
ReplyDeleteGosto muito quando diz:
"A Eva tem o mesmo valor que eu.
O que ela pensa e sente e quer tem o mesmo valor que aquilo que eu penso, sinto e quero."
O detalhe é que por "experiência de tempo neste planeta" vc e ela estão em níveis de consciência diferentes sobre o que pensam e sentem (ou não, né?). Enfim...o que ela pensa e sente é legítimo, no entanto, vc tem a experiência p/ pode explicar porque aquilo que ela considera injusto tem uma justificativa. Como adultos temos que deixar claro que o "Não" não significa desvalorizar o que ela pensa ou sente. (reconheço que não é fácil explicar isso!!!)
Por isso penso que a relação não é "autoridade x valor igual" como está no título. O valor é igual, mas a autoridade tem relação com o nível de consciência que vc tem sobre possíveis consequências e sua responsabilidade p/ alertar sobre isso. Tem a ver como usa a autoridade para dar encaminhamentos aos pensamentos e sentimentos de Eva que vc considera legítimo.
Temos que estar atentos para não sermos autoritários na forma que queremos comunicar as possíveis consequências. Se ela vir de um espaço emocional que exige obediência, certamente estará submetendo a criança, isso tende a ocorrer quando não considera legítimo o que ela pensa e sente.
Recentemente observei que uma criança que obedece regras, ao final da realização da atividade tem muita necessidade de reconhecimento e de comando sobre o que fazer na sequência. Outras que cumprem combinados simplesmente realizam e vão fazer o que querem na sequência. Tudo isso tem a ver com personalidade e um montão de outras variáveis...
Como adulta e co-responsável pelas crianças com quem convivo me conecto com sua reflexão. Precisamos estar sempre atentos p/ dar o mesmo valor aos pequenos e termos consciência como podemos dar devidos encaminhamentos porque temos autoridade em função da nossa experiência de vida (ou não! Muitas vezes temos que ter humildade para reconhecer que não temos condições para bancar algumas situações).
Enfim, tudo se resolve no amar e com amor!
Beijinhos
Pois é, talvez seja eu quem tenha uma relação difícil com a autoridade :D Mas acho que você tem razão sobre a experiência. Para mim essa experiência vive também de mãos dadas com a responsabilidade... por isso falo de liberdade com direção. Eu quero valorizar todas experiências da minha filha, mas tenho a responsabilidade de cuidar dela e de lhe dar direção em relação a horários, perigos, cuidados... isso é um poder que eu tenho, de facto! Mas identifico autoridade com obrigação. E com autoritarismo. Com aquela expressão "é não porque não"... Claro que não temos que bancar tudo. Acho que no final é mesmo um equilíbrio entre dar espaço à criança e reconhecer os nossos próprios limites. Sempre com amor :)
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