Não sou dada a grandes reflexões sobre eles - sobre se são ou não família e essas coisas que as pessoas costumam dizer sobre os bichos.
Quero só que sejam felizes.
A vida é curta - a deles ainda mais. Mas o tempo não me chateia nada. Quero dizer: não me preocupa.
Qualquer que seja o tempo que tenho com eles é precioso. E chegará, certamente. Porque foi bem vivido.
Sou pela liberdade.
Em momentos em que paira no ar a ameaça de que a minha liberdade poderá condicionar a dos outros, para mim é importante perceber se isso é mesmo assim.
O que é mais egoísta? Qual das partes perde de facto mais liberdade? Que evidências existem de que há uma liberdade perdida?
Acho mesmo desafiante estar num lugar de compaixão, de respeito pela comunidade e pelo todo sem observar as partes.
A ética - entender na pele que não posso fazer ao outro o que não quero que me façam a mim - é o expoente máximo da empatia.
E a empatia tem a ver com uma identificação com o outro (quase uma repetição em voz alta do que outro sente e diz) que implica ser capaz de largar percepções e experiências pessoais. Implica, Ser o outro por alguns instantes - como numa peça de teatro.
Aconteça o que acontecer, sou pela liberdade! E nisto não acho ser possível darmos a nossa vez, qual jogo das cadeiras em que quem vai ao ar perde o lugar.
Coação não é liberdade, vitimização não é liberdade, culpa não é liberdade... e na minha visão, a coisa mais importante de todas: Medo não é liberdade!
Desde há cerca de 2 anos que sinto que a minha liberdade não é completamente minha. E isso é estranho. Porque é quase como se tivesse que ter uma autorização para continuar a existir. Mas por outro lado também percebi que conquistei muito do que sou e do que tenho. Que construí um espaço que me permite ser livre mesmo que a liberdade enquanto conceito social deixe de existir. E que isso é um privilégio sem preço.
Assumo-o e aproprio-me desse privilégio porque acho que não há melhor maneira de honrá-lo.
Os anos passam e eu cada vez mais quero ser mais árvore, mais pássaro, mais gato. Mas sou humana. Esses quereres não passam de símbolos de coisas que quero materializar neste planeta Terra - ser firme, ser livre, ser aquilo que se vê. Raízes fortes, estáveis. Capacidade de dormitar ao sabor do dia, sem pressas. Voar com as minhas ideias. Ter sonhos.
Então, no fim, o que é ter-se a liberdade como se esta fosse uma coisa?
Para mim é só isto: "Vejo-me ao espelho e penso que ainda estou viva por mais um dia... Poder ter mais um dia para desfrutar da minha vida."
Não há nada mais simples. E simplicidade para mim é tudo.