the hands show the way of the heart

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Demons are nice

On
September 30, 2022

 


Lets normalize rest

On
September 30, 2022
Normalizemos o descanso. Normalizemos a necessidade de repousar, que é como quem diz: de não fazer nada. 


Porque no nada também se encontra muita coisa. 
É como uma afinação. Uma ordem que se repõe internamente mas que também sustenta o que está fora - enquanto dormimos ou descansamos, o mundo descansa. 

"Even sleeping (Nidra) is a way of self-replenishment.
Once the Emperor of Persia asked his Sufi teacher, "What can I best do to recover and renew my soul?"
"My Lord, sleep as long as you can," came the reply.
"What do you mean? I can't neglect my duties! I have justice to deliver, ambassadors to receive, taxes to determine – so much work to do, I have no time to sleep," said the Emperor.
"But my Lord, the longer your sleep, the less you will oppress!" was the Sufi master's blunt reply.
Much of the time when we are active we oppress other people and damage the earth, which damages our souls.
...
The antidote  to this  overworked society is to recognize the value of sleeping as a spiritual practice. Sleep makes beautiful dreams possible. During dreaming the soul renews itself."

Satish Kumar * You are therefore I am


A cultura do medo de não fazer nada parece ter-se instalado de tal forma que o pensamento que martela sem parar quando só apetece dormir uma sesta é o do tempo que se vai perder. Daquilo que vai estar à espera, independentemente de o fazer agora ou mais tarde. 

Quando é que estar descansado passou a ser um privilégio? 

Pousar o corpo é pousar a cabeça também. É deixar que as coisas se arrumem sozinhas sem querer controlar tudo o tempo todo. Não estou a dizer que o trabalho pára ou que as responsabilidades param. Mas neste momento o que observo é que a cabeça nunca acalma. Como se descansar desse culpa. 
E não é preciso! 

Normalizemos que é ok pousar o peso do dia, das máscaras, das armaduras, dos super poderes, do querer ser melhor que o outro, da sensação de não se conseguir fazer isto ou aquilo. Esse não conseguir pesa tanto e vale tão pouco… estamos todos aqui. Só por existirmos, já vencemos! 

Sei lá de quanto tempo é o meu contrato com a vida. Não será importante respeitar-me enquanto cá ando?!

O luto da perfeição

On
September 26, 2022

 


By Marlee Grace.

As histórias de amor acontecem no meio

On
September 26, 2022
As histórias de amor não são como nos contos de fadas e nem sempre têm um final feliz ou duram para sempre. 

As histórias de amor, acontecem no meio. Porque uma relação que termina não acaba com o amor que se viveu nem com aquilo que se partilhou. 


Às vezes, na busca por uma "história da Disney", o presente evapora-se. 
Se calhar, às vezes, as coisas são só mais ou menos. Uma pessoa permanece e tenta, porque ainda acredita no potencial. Mas essa fé, só por si, já é uma grande história de amor. Porque é um confiar que há ali uma magia qualquer que nos prende ao outro. Mesmo que essa magia sejam apenas coisas práticas e mundanas, a vida é feita disso! Então é bonito que em determinados momentos seja o quotidiano a ganhar.

Dá um quentinho cá dentro idealizar o romance que existe entre velhinhos de mãos dadas na rua porque não estamos com eles quando se põem aos gritos um com o outro. 
Só que as histórias de amor são isso mesmo: feitas de acordar junto, dormir cada um virado para seu lado, ressonar em uníssono, partilhar de manhã o sonho que se teve e pensar que seca que é ouvir o outro por mais um segundo mas ouvir na mesma porque se respeita e quer-se agradar. 
Histórias de amor são os pequenos presentes que nos damos sem darmos conta. 
Depois às vezes já não queremos agradar mais e é o fim. Dizemos adeus ou até já e fica um vazio porque nos esquecemos que o que já se viveu já está ganho. Já ganhámos só por aquilo ter existido mesmo que não tenha preenchido os ideais ou as fantasias que tínhamos e continuamos a ter.


É preciso saber separar as coisas porque a cada instante há uma fantasia que se desfaz. Mas quando isso acontece o que resta é a realidade. E a realidade é que é a puta da verdade. Então mais vale agarrá-la e vivê-la tal como ela se apresenta a cada momento.

As histórias de amor não acontecem no fim. Acontecem no agora!
Se me lembrar disso, quem sabe, até posso começar a achar que vou viver feliz para sempre :)

No waste!

On
September 14, 2022


“When you least expect it, nature has cunning ways of finding our weakest spot. Just remember I’m here. Right now, you may not want to feel anything. Maybe you’ll never want to feel anything. And, maybe it’s not to me you want to speak about these things, but I feel something you obviously did.

Look, you had a beautiful friendship. Maybe more than a friendship. And I envy you.

In my place, most parents would hope the whole thing goes away, or pray that their sons land on their feet. But I am not such a parent. We rip out so much of ourselves to be cured of things faster that we go bankrupt by the age of 30 and have less to offer each time we start with someone new. But to make yourself feel nothing so as not to feel anything—what a waste!

And I’ll say one more thing… it’ll clear the air. I may have come close, but I never have what you two have. Something always held me back or stood in the way. How you live your life is your business. Just remember, our hearts and our bodies are given to us only once, and before you know it, your heart’s worn out. And as for your body, there comes a point when no one looks at it, much less wants to come near it. Right now, there’s sorrow, pain; don’t kill it, and with it, the joy you’ve felt.”

Mães

On
September 14, 2022


"Dizem: quando nasce um bebê, nasce uma mãe também. E um polvo. Um restaurante delivery. Uma máquina de chocolate prontinho. Uma mecânica de carrinhos de controle remoto. Uma médica de bonecas. Uma professora-terapeuta-cozinheira de carreira medíocre. Nasce uma fábrica de cafuné, um chafariz de soro fisiológico, um robô que desperta ao som de choro. E principalmente: nasce a fada do beijo.


Quando nasce um bebê, nasce também o medo da morte - mães não se conformam em deixar o mundo sem encaminhar devidamente um filho.
Não pense você que ao se tornar mãe uma mulher abandona todas as mulheres que já foi um dia. Bobagem. Ganha mais mulheres em si mesma. Com seus desejos aumentam sua audácia, sua garra, seus poderes. Se já era impossível, cuidado: ela vira muitas. Também não me venha imaginar mães como seres delicados e frágeis. Mães são fogo, ninguém segura. Se antes eram incapazes de matar um mosquito, adquirem uma fúria inédita. Montam guarda ao lado de suas crias, capazes de matar tudo o que zumbir perto delas: pernilongos, lagartas, leões, gente.
Mães não têm tempo para o ensaio: estreiam a peça no susto. Aprendem a pilotar o avião em pleno voo. E dão o exemplo, mesmo que nunca tenham sido exemplo. Cobrem seus filhos com o cobertor que lhes falta. E, não raro, depois de fazerem o impossível, acreditam que poderiam ter feito melhor. Nunca estarão prontas para a tarefa gigantesca que é criar um filho - alguém está?


Mente quem diz que mãe sente menos dor - pelo contrário! Ela apenas aprende a deixar sua dor para outra hora. Atira o seu choro no chão para ir acalentar o do filho. Nas horas vagas, dorme. Abastece a casa. Trabalha. Encontra os amigos. Lê - ou adormece com um livro no rosto. E, quando tem tempo pra chorar - cadê? -, passou. A mãe então aproveita que a casa está calma e vai recolher os brinquedos da sala. Como esse menino cresceu, ela pensa, a caminho do quarto do filho. Termina o dia exausta, sentada no chão da sala, acompanhada de um sorriso besta.
Já os filhos, ah Filhos fazem a mãe voltar os olhos para coisas que não importavam antes. O índice de umidade do ar. Os ingredientes do suco de caixinha. O nível de sódio do macarrão sem glúten. Onde fica a Guiné-Bissau. Os rumos da agricultura orgânica. As alternativas contra o aquecimento global. Política. E até sua própria saúde. Mães são mulheres ressuscitadas. Filhos as rejuvenescem, tornando a vida delas mais perigosa - e mais urgente.


Quando nasce um bebê, nasce uma empreiteira. Capaz de cavar a estrada quando não há caminho, só para poder indicar: É por ali, filho, naquela direção."

Sobre o amor.

On
September 14, 2022


Apaixonei-me. 

Já me apaixonei muitas vezes.


Há quem diga que a paixão é uma coisa horrível porque desassossega e é uma angústia. Acho que passados anos disto, eu consigo entender. E, estranhamente, acolher também. 


Algures cá dentro há um vazio que nada tem a ver com o medo do abandono, da rejeição ou do desamor. É um vazio de ausência. Uma coisa que parece que precisa de ser preenchida e que, pelo menos para mim, relembra uma ferida muito antiga.


A questão fundamental é, o que é que está por detrás da dor? Se existe um vazio é porque há essa possibilidade. Há um espaço para isso acontecer. Porque, em compensação, haverá algo que está profundamente preenchido noutro sítio qualquer. 

Então, ultimamente, mesmo quando a mente não concorda, tudo o que consigo fazer é pagar para ver. Preciso de Ver. Preciso de ficar com o que está a pedir para ser vivido e sentido. 

É uma coisa que não controlo nem desejo controlar. 

E, por isso, apenas fico. E observo. E absorvo tudo. 

Despojo-me de julgamentos, de ideias e de futuro. 

Mantenho-me absolutamente curiosa. 

No presente das coisas. No tempo das coisas. À medida e no tamanho que forem acontecendo. 


Costumava ter a fantasia de que existia uma alma gémea - alguém que me completasse e me fizesse sentir inteira. Mas, em qualquer momento isso ruiu. E eu tive que dar-me a mão. Ficar inteira comigo mesma, com muito amor e compaixão. Aprender a caminhar de mãos dadas comigo.

Nesse processo de ir ao meu próprio encontro fui também escavando. Só que escavar até ao fundo das coisas dói sempre cada vez mais. Implica, creio, perceber que a dor é uma aliada. Que não é algo que me acontece mas que é também uma parte de quem eu sou. E que portanto, devo render-me a ela com humildade. Deixar que me atravesse. Dando-lhe o devido espaço que ela precisa. Com uma fé inabalável de que do outro lado está apenas amor. 


Nota importante: Esta é a minha viagem. E eu estou a fazê-la porque fui reunindo recursos para isso. Mas sem dúvida, acho que este não é um caminho que deva ser trilhado sem suporte. É mesmo um lugar perigoso e que para muita gente talvez não deva ser de facto normalizado. Alguém tem que nos segurar na mão - Mesmo!!! E até sermos capazes de ser nós mesmos, é de extrema importância pedir ajuda.