Photo Lieve Tobback
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Amar pede uma coragem. De acreditar que, apesar de todas as histórias que correram mal, é possível que seja desta que corra bem.
Mas nem sempre a aprendizagem do amor vem através da experiência do amor.
Vou aprendendo que sentir-me amada não está dependente de mais ninguém. (Se me aceito, nada pode alterar os meus sentimentos por mim própria.)
E nessa aceitação ganho liberdades.
Para fazer coisas que o outro pode achar menos interessantes.
Para ser exagerada.
Para não ser perfeita.
Dou-me espaço.
Faço o que tenho a fazer, alinhada comigo e com o que sei e sinto que preciso de fazer, a cada instante.
A minha única expectativa é ser honesta. É manter-me honesta - porque nessa honestidade não há erros.
Todo o amor que tenho que ter por mim.
Um amor de primavera, mais ou menos como se intitulou a minha filha quando lhe disse que ela era um presente - “um presente de verão“, disse ela, porque nasceu a 25 de julho.
São camadas de desconfiança que se desmancham.
A desconfiança de não ser digna, de não merecer, de não ter direito ao amor.
A cada dia, reconhecer que estou aqui apenas porque sou amada - não é nada fácil. É como largar a pele que conheço para deixar nascer uma nova.
Mas afirmo para mim mesma, a cada dia, esta crença profunda de que sou amada, mesmo que o meu amor não seja retribuído - nem como, nem quando espero. Ou por quem espero.
Busco ter o coração ao alto.
(Para viver em paz, é preciso fazer as pazes.)
Ser só um sítio de passagem não é uma coisa assim tão má.