Há momentos para fazer e momentos para pousar. Demorei muito tempo a reconhecer em mim a necessidade de corresponder a esta ciclicidade. E respeitá-la, mesmo que indo contra as minhas próprias crenças de certo e de errado.
Tenho a sensação de que o tema do desenvolvimento humano é uma tendência actual. E se, por um lado, acompanho esse movimento colectivo, por outro, o meu desejo é sempre ir na direção do que é ainda desconhecido.
Nos últimos dias tenho sonhado com dimensões mágicas. Lugares ancestrais, secretos e de difÃcil acesso.
E realmente, na sequência de recentes aprendizagens, acedi a um novo patamar. No último mês desisti de 2 trabalhos - um deles com o qual estava bastante comprometida e que gerou imenso desconforto nas pessoas com quem não assumi o compromisso. Outro que decidi deixar depois de apenas 1 dia de experiência. Nenhuma destas coisas me seria natural no passado. Primeiro, porque acho que nunca fui capaz de deixar ninguém pendurado. Segundo, porque não me lembro de alguma vez ter desistido de algo sem lhe dar uma segunda oportunidade. Terceiro, porque o grande motivador para dizer Sim a estas situações era apenas um - dinheiro. E "precisar" dessa segurança poderia bastar para aceitar fazer algo deste género neste momento.
Na minha visão, desenvolvimento humano é desafiar-me a fazer coisas aparentemente impossÃveis mas cujo último objectivo é uma ligação primordial ao meu instinto e à minha intuição.
Não precisando de ser escravo disto mas desejando um pouco de coerência: Qual a razão para querer estar em lugares onde não sou bem-vinda? Querer pessoas que não me querem? Continuar a alimentar situações e/ou relações em que não me sinto respeitada?
No meio destas tomadas de decisão é claro que descubro uma complexidade. No querer ser a melhor versão de mim esqueço-me dos silêncios, dos vazios, da beleza de ficar parada. E nessa contradição entre o querer tudo e o não querer nada acho que o caminho é navegar o fluxo da vida - como uma onda. A afinação acontece quando consigo responder com sinceridade à pergunta: onde é que está a minha paz? Nesse instante, as dúvidas dissipam-se todas. Porque só aà é que consigo despojar-me das coisas que eu acho que sei ou que acho que acredito ou que acho que preciso. Das opiniões, das lições, dos medos... tudo coisas que por vezes são válidas mas que é preciso abrir espaço para a possibilidade de não serem.
E o alÃvio que cresce quando tomo uma decisão alinhada com o princÃpio da Paz é a garantia de que fiz o que o corpo pediu. Pode parecer irracional ou egoÃsta - muitas vezes assim será. Mas se não me prender nesse julgamento, consigo voar.