{Urban Think Tank via co-exist}
Baterás duas vezes e eu abrirei
e não quererei acreditar que sejas tu.
Entrarás num andar que desconheces
e que é feito apenas para sobreviver.
E aí me encontrarás, quem sabe
porque estranho desígnio.
Entrando na sala de jantar poderás ver o teu retrato
e os nossos livros.
Soará o Nocturno.
Folhearás, quem sabe, Virginia Woolf.
Virei atrás de ti com o desejo
de sentir no meu rosto os teus cabelos.
Sentar-te-ei com infinita ternura
num dos velhos sofás compartilhados
(onde estudavas nos últimos tempos
um longo monólogo de mulher
solitária — o que nunca foste).
Espiarei
os teus olhos, o triste sorriso
dos teus lábios amáveis, entreabertos,
e tudo acabará com um abraço
que será o primeiro. Deixará de haver
passado ou futuro. Tudo será lógico.
E este poema nunca terá existido.
–
Feliu Formosa
{via blog poesia}
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You will knock twice and I will open
and I will not want to believe it's you.
You will come in a floor that you don't know
and that is made just to survive.
And there you'll find me, who knows
by what strange design.
Entering in the dining room you can see your portrait
and our books.
Will sound the Night. You'll peruse, perhaps Virginia Woolf.
I will come after you with the desire
of feeling your hair in my face.
I will sit you down with infinite tenderness
in one of the old shared sofas
(where you use to study lately
a long monologue
of
lonely woman — which you never were).
I will spy
your eyes, the sad smile
of your kind lips, slightly ajar,
and all will end with an embrace
which will be the first. There will be
no
past or future. Everything will be logical.
And this poem it will never have existed.
—
Feliu Formosa
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