Perdoem-me desde já a confusão deste texto que se segue mas precisava de escrever para me organizar e desta vez (não sei porquê) apeteceu-me fazê-lo aqui neste espaço...
Como acontece tantas vezes, faço minhas as palavras da Marlee Grace:
"I’ve been gifted the crystal vision of myself, tied to nothing but the Earth. I have fortified myself little by little, sure of nothing, trusting everything. The dice say god on every side so whichever way you roll them that’s how they land.
…
I promise to fall with great might and with great trust, because my steadiness holds me in a way that can’t be swept away."
Acreditar, ter fé, alimentar a esperança - o dado ter Deus escrito em todas as suas faces e deixar de importar para que lado roda -, tudo são forças misteriosas que por um lado alimentam o sonho e por outro alimentam a realidade (porque a miragem também dá alento).
Tenho-me sentido indecisa sobre isto, em todo o caso.
"Giving up showed me I can give up and stay alive simultaneously. And while there are gifts there are also no gifts."
Sempre tive muita confiança na vida. Procurei construir significados naquilo que faço e dar intenções claras ao que sou para poder apaziguar-me em relação ao meu próprio valor e à necessidade de dar um qualquer sentido a tudo isto. Mas nos momentos em que há zero presentes, zero reciprocidade, zero disponibilidade do lado de fora, é como se ficasse vazia de tudo por dentro também. Tenho vontade de desistir - mas, para ser sincera, não sei como é que isso se faz, nem sei bem do que é que estaria a desistir, portanto continuo.
Se por um lado, continuar sem fé é como estar a tentar remar em cima de um monte de areia - nada mexe e cansa muito.
(Nada sai do mesmo lugar porque falta qualquer coisa fundamental para se poder avançar.)
Pelo menos, em cima daquele monte de areia há uma sensação de controlo. Porque sei exactamente onde estou. Está tudo seguro. É tudo conhecido e familiar. E isso também dá uma falsa sensação de fé (vai tudo resolver-se portanto não preciso de fazer absolutamente nada).
(Isto é um pouco confuso para mim e vou tentando organizar os meus pensamentos à medida que os escrevo.)
O que quero dizer de facto é que a fé é o que me impulsiona mas também é o que me trava tantas vezes numa qualquer espera vã.
Ou seja, apesar do que escrevi antes (eis o paradoxo), nem sempre acredito que a fé me ajude a sair do mesmo lugar.
Não sei qual destas coisas é mais certa - a ação ou a espera. Acreditar ou desistir...
Pode ser que nenhuma das duas esteja realmente errada – talvez seja apenas uma questão de contexto ou de perspectiva. Mas há momentos em que parece que estou só à procura de coisas impossíveis e isso deixa-me exausta.
Resta-me ficar apenas num estado de rendição. Compreender que posso divertir-me. Mesmo que às vezes pareça tudo tão sério...
(É o que estou a tentar praticar.)
"Into my heart and upon
My skin.
There is only one rule
On this Wild Playground,
For every sign Hafiz has ever seen
Reads the same.
They all say,
“Have fun, my dear; my dear, have fun,
In the Beloved’s Divine Game
O, in the Beloved’s
Wonderful Game."