A Gabi tem 20 anos e não é só uma futura Guerreira Sem Armas. É também — e sobretudo — uma verdadeira inspiração.
"Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum - para si mesmo ou para os outros - abandoná-lo quando assim ordena o coração (...). Olhe o caminho com cuidado e atenção. Tente-o tanto quanto julgar necessário. Então, faça a si mesmo, e apenas a si mesmo, uma pergunta: possui este caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, este caminho não possui importância alguma."
Há uns tempos atrás vi uma imagem de uma menina de aspecto agoniado com uma legenda por baixo que dizia qualquer coisa como: "boys, bilhec!!!".
Esta semana vi um filme na minha minúscula televisão brasileira. O filme que vi, tal como o nome "El Passado" já indica, fala sobre como o passado afecta o futuro e os relacionamentos a dois.
Sofia, uma das personagens principais, vive obcecada, durante todo o filme, com a separação das fotografias dela e de Rímini (amigo de infância e pessoa com quem esteve casada durante 12 anos). Em vários momentos ela diz que quer recuperar a criança daquelas imagens. E eu achei isso super interessante, talvez porque continue a acreditar que há coisas que nunca se perdem e que, esta inocência, pode transformar-se mas nunca desaparece completamente, sobretudo no que diz respeito ao amor.
Este fim-de-semana enquanto fazíamos a nossa roda e conversávamos, a Patrícia colocou no chão várias cartas.
Cada uma tinha uma frase inspiradora que nos podia calhar aleatoriamente.
A mim calhou-me a carta "I Am Creator", que dizia assim: "I am the one and the only creator of my life. I create trough my thinking. Be it positive or negative. I become aware that I am creating every second of my life. When I am aware of my creator self, I immediately eliminate all dark ideas and make room only for thoughts of pure light."
Vou empenhar o meu tempo em criações douradas e cintilantes :)
If you’ve not been alone much, or if when you were, you weren’t okay with it, then just wait. You’ll find it’s fine to be alone once you’re embracing it.
We can start with the acceptable places, the bathroom, the coffee shop, the library, where you can stall and read the paper, where you can get your caffeine fix and sit and stay there. Where you can browse the stacks and smell the books; you’re not supposed to talk much anyway so it’s safe there.
There is also the gym, if you’re shy, you can hang out with yourself and mirrors, you can put headphones in.
Then there’s public transportation, because we all gotta go places.
And there’s prayer and mediation, no one will think less if your hanging with your breath seeking peace and salvation.
Start simple. Things you may have previously avoided based on your avoid being alone principles.
The lunch counter, where you will be surrounded by “chow downers”, employees who only have an hour and their spouses work across town, and they, like you, will be alone.
Resist the urge to hang out with your cell phone.
When you are comfortable with “eat lunch and run”, take yourself out for dinner; a restaurant with linen and Silverware. You’re no less an intriguing a person when you are eating solo desert and cleaning the whip cream from the dish with your finger. In fact, some people at full tables will wish they were where you were.
Go to the movies. Where it’s dark and soothing, alone in your seat amidst a fleeting community.
And then take yourself out dancing, to a club where no one knows you, stand on the outside of the floor until the lights convince you more and more and the music shows you. Dance like no one’s watching because they’re probably not. And if they are, assume it is with best human intentions. The way bodies move genuinely to beats, is after-all, gorgeous and affecting. Dance until you’re sweating. And beads of perspiration remind you of life’s best things. Down your back, like a book of blessings.
Go to the woods alone, and the trees and squirrels will watch for you. Go to an unfamiliar city, roam the streets, they are always statues to talk to, and benches made for sitting gives strangers a shared existence if only for a minute, and these moments can be so uplifting and the conversation you get in by sitting alone on benches, might of never happened had you not been there by yourself.
Society is afraid of alone though. Like lonely hearts are wasting away in basements. Like people must have problems if after awhile nobody is dating them.
But lonely is a freedom that breathes easy and weightless, and lonely is healing if you make it.
You can stand swathed by groups and mobs or hands with your partner, look both further and farther in the endless quest for company.
But no one is in your head. And by the time you translate your thoughts an essence of them maybe lost or perhaps it is just kept. Perhaps in the interest of loving oneself, perhaps all those “sappy slogans” from pre-school over to high school groaning, we’re tokens for holding the lonely at bay.
Cause if you’re happy in your head, then solitude is blessed, and alone is okay.
It’s okay if no one believes like you, all experiences unique, no one has the same synapses, can’t think like you, for this be relived, keeps things interesting, life’s magic things in reach, and it doesn’t mean you aren’t connected, and the community is not present, just take the perspective you get from being one person in one head and feel the effects of it.
Take silence and respect it.
If you have an art that needs a practice, stop neglecting it, if your family doesn’t get you or a religious sect is not meant for you, don’t obsess about it.
You could be in an instant surrounded if you need it.
No sábado ficámos durante todo o dia na Fazenda Platina. Descansámos, tirámos fotografias, comemos juntos, explorámos a horta, sentámo-nos à volta da fogueira... Foi um dia de regeneração e de encontro.
No final do dia fizemos um check in. Dissemos o que sentimos durante o dia e planeámos domingo (para mim, esta parte continua a ser bastante difícil, por mais check in's e check out's que faça por aqui). O objectivo deste encontro era também preparar a reunião que vai acontecer em Outubro do ano que vem. O NAPS, que está integrado na fazenda, vai receber várias pessoas de vários pontos mundo cuja afinidade são os Learning Centers.
No domingo acordámos cedo. Às 7 horas estávamos a tomar o pequeno-almoço e às 8h30 a sair da fazenda.
Fomos conhecer a comunidade de Ribeirão Claro.
Dividimo-nos em 2 grupos. Um foi conhecer os produtores agrícolas, o outro (no qual eu estava incluída) foi falar com 2 senhoras, Marilda e Denise, que nos forneceram todas as informações que precisávamos sobre turismo, sobre as necessidades da região, sobre os seus sonhos para aquele lugar.
Durante a manhã fomos ainda visitar 1 resort e uma pousada — híper sofisticadas e bonitas. Estas destinam-se a um público diferente daquele que procura turismo de habitação, turismo rural ou turismo da natureza. E era interessante conhecer este segmento um pouco melhor.
{estas 3 fotografias são da autoria da Ariane}
Depois de almoço, reunimos para debater ideias sobre aquilo que tínhamos visto e planear o encontro do ano que vem. Eu desesperei, senti-me perdida. Falávamos mas parecia que não chegaríamos a lado nenhum. Senti falta de soluções, pragmatismo, pensamentos mais claros e objectivos. Ao fim de cerca de 3 horas de conversa fizemos uma pausa. Fiquei em silêncio, tentei desligar os meus pensamentos e focar-me completamente nos cheiros e sons que estavam à minha volta.
Depois de jantar, reunimos novamente para fazer o check out. Estava desanimada, mas contra todas as minhas expectativas, geraram-se imensos pensamentos positivos, construtivos e quase palpáveis. Fiquei muito feliz com isso. Com toda a sincronicidade gerada. Foi muito bom!
"Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje."
Durante este fim-de-semana a D. Marina e mais 2 senhoras fizeram as nossas comidas — café da manhã, almoço e jantar. Apenas vegetariano. Maioritariamente com produtos biológicos da horta. Colorido (nada de comida enfadonha). Estava tudo muito bom e senti-me ainda mais próxima da natureza.
Eu, a Emi e a Ariane saímos 6ª feira à noite de Santos e fomos até Jacarezinho de autocarro. Uma jornada de 7 horas levou-nos até lá.
Até à fazenda da Patrícia, em Ribeirão Claro, demorámos mais meia-hora de carro com o Sr. Vicente, que conseguiu contar-nos todas as histórias trágicas da região – desde mulheres assassinadas na beira da estrada até ao declínio do cultivo do café – no meio de um breu que nunca tinha visto.
Chegámos às 4h30 da manhã e dormimos tranquilamente de portas abertas, até às 9h30.
A Hânia pegou na guitarra e eu fiquei a ouvi-la a 3 metros de distância. A voz dela e a vibração das cordas do violão confundiam-se com conversas que ia apanhando dispersamente, aqui e ali. Levantei-me. Sentei-me ao lado dela. Ela tocou e cantou "A Paz" e eu comovi-me. Ainda bem que era de noite e ninguém podia ver-me.
"A terra é o grande jardim da vida. E a vida é cheia de outros jardins. Jardim de infância... quantas recordações lindas. Jardim das soculentas... plantas lindas. jardim das galáxias. (...) Agoro constrúo. Crio meu próprio jardim... Tenho toda a liberdade com reponsabilidade de criar todas as flores e serpentes do meu imaginário."
Ontem, em casa da Val, enquanto pensávamos numa marca para os pijaminhas que ela anda a fazer, encontrámos um livro antigo, sem editora sequer, repleto de histórias (uma por cada letra do alfabeto), desenhos de crianças, e iconografia indígena (que ultimamente anda a obcecar-me). O livro chama-se "A Cobra que fala" e é da autoria de uma artista plástica, Claúdia Sperb.
A Mariana e o Rodrigo fizeram ontem um banquete árabe delicioso. Babaganush, Húmus, Quibe, Coalhada, Arroz com Lentilhas e Tabule. Estava tão bom...
Sobremesa: Uma mousse de limão chilena. Mnham! (até para mim, que não gosto especialmente de comida espumosa)
Deixo-vos um site onde podem encontrar comida árabe (na coluna direita encontram-se os clássicos árabes, onde estão todas as coisas que mencionei em cima) e a receita de Húmus (na minha versão).
Húmus:
- Grão cozido (1 lata) - Sumo de 1 limão - Azeite - Sal e pimenta - 1 dente de alho - Salsa - Cebolinho - Um pouco de cebola - Pinhão - 3 colheres de pasta de sésamo (Tahini)
Pode acrescentar-se: - algumas azeitonas - um pouco de pimentão vermelho
Modo de preparar: Triturar tudo até ficar em forma de pasta. Colocar numa recipiente e servir com um fio de azeite em cima.
A Val tem imensos livros de receitas de fazer crescer água na boca. Um deles é "O Sal é um Dom". Este livro contém receitas de Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Mabel, uma dos 8 filhos de Dona Canô, conta a história da sua mãe e relata o dia-a-dia da família.
Comprei um exemplar para mim, para levar um bocadinho da Bahia comigo.
Ontem a Val fez esta receita para todos, uma versão com camarão seco e uma outra adaptada para vegetarianos. A linguagem das receitas nem sempre são fáceis de entender e os ingredientes nem sempre são fáceis de encontrar fora do Brasil, mas vou tentar traduzir. A receita original encontra-se aqui.
Uma curiosidade: a Dona Canô ainda é viva. Tem 102 anos.
Frigideira de Repolho:
Ingredientes:
- 1 repolho cortado em tiras finas - cebola - tomate - pimentos - coentros - camarão seco triturado - 6 a 8 ovos - polpa de tomate - 1 embalagem de coco ralado - azeite - farinha de trigo
Como fazer:
- cozer o repolho com um pouco de sal. - escorrer o repolho e juntar a cebola, o tomate, os pimentos, os coentros, o camarão seco triturado e a polpa de tomate. - levar ao lume e misturar tudo. - junte o coco ralado e deixe cozinhar mais um pouco. - junte 2 ovos inteiros com um pouco de farinha de trigo para que o repolho, o coco ralado e os restantes ingredientes fiquem bem unidos. - deixar cozinhar até ficar tudo ligado numa massa. - provar para sentir se precisa de sal, por vezes o camarão já está muito salgado. - depois da massa estar cozida, coloque-a num pirex (ou noutro recipiente que vá ao forno) previamente untado com óleo e polvilhado com farinha de trigo. - espalhar bem e "acamar" com uma colher para que a massa fique bem espalhada. - em seguida bata 4 a 6 ovos inteiros, junte um pouco de sal e uma colher de farinha de trigo até ficar bem batido. - deite o ovo sobre a massa e leve ao forno quente até a cobertura ficar "morena".
O Leandro quis utilizar um dos padrões que fiz para os Guerreiros. Desenhei o padrão na parede com giz e demos esta primeira camada com a ajuda do Paulinho.
Adoro ter a roupa organizada por cores, ver capas de livros na sua sequência cromática e fazer quadradinhos com os pantones que utilizei nas artes-finais dos trabalhos.
Existem cores que abomino e outras que amo.
Não me importo de ter 20 t-shirts azuis, porque, provavelmente, todas serão num azul diferente do outro. E acho fascinante, como o nosso olhar, com um pouco de luz, pode captar tantas variantes.
Ouvi há alguns anos, num documentário sobre o efeito dos anti-depressivos, que tomar Xanax torna o mundo de um depressivo mais colorido. Mas, segundo este teste que fiz, acho não terei de preocupar-me com questões de percepção visual. O meu mundo está pintado com cores perfeitas :)
Hoje andei à procura de padrões de ponto cruz que me interessassem. Gostaria de ser criativa o suficiente para criar um de raíz, mas sou apenas capaz de colher aqui e ali elementos que gosto e de compor, interpretar, qualquer coisa que já existe.
Encontrei um site que tinha exactamente aquilo que pretendia. Padrões antigos, lindos, como nunca tinha visto antes. Fiquei entusiasmada e cheia de ideias.
A Val e o Leandro são óptimos contadores de histórias. Por vezes gostaria de gravar as coisas que eles partilham comigo. Temos conversas tão surreais que só consigo lembrar-me da personagem do "Auto da Compadecida" que, depois de contar uma história louca dizia sempre: "num sei... só sei que foi assim".
Há coisas que não têm justificação ou lógica. Estamos rodeados de mistérios e coisas indecifráveis. Ainda bem que é assim, que ainda há coisas de que não temos certezas, coisas que ainda não conhecemos, coisas que ainda podemos descobrir.
Hoje de manhã o diálogo entre a Lia e a Laura: Lia: Eu gosto muito de você Laura Motta Alonso!!! Laura: E eu tenho que ir para a escola!
Imagino que a Lia, com esta atitude, se tenha sentido: frustrada, confusa, desapontada, irritada, triste, chateada, desencorajada, desconfortável e envergonhada.
Aqui no Elos falamos muito sobre Comunicação Não Violenta. Formas de diálogo não violento, com os outros e connosco mesmos.
Ontem comecei a fazer uns postais de apreciação para darmos uns aos outros, de forma a mostrarmos os sentimentos positivos que tivemos em determinado momento ou determinada situação.
Partilho convosco os sentimentos básicos que nos movem a todos, segundo o livro "What's Making You Angry?".
Acho incrível que tenhamos necessidades tão simples de preencher, que possamos utilizar tão poucas palavras para descrever o que sentimos e que seja tão fácil compreendermos como nos sentimos se não alcançamos a satisfação dessas necessidades. Esta foi, para mim, uma descoberta muito importante, sobretudo porque nem sempre consigo expressar aquilo que estou a sentir de forma a que isso fique claro para outros, de forma a que não me atropele em pensamentos "violentos", de forma a que consiga de facto eliminar um problema na sua origem.
{para quem não perceber inglês e quiser saber mais, posso traduzir e enviar por e-mail}
Celebration: Celebrate the creation of life and dreams fulfilled | Celebrate losses: loved ones, dreams, etc. (mourning)
Integrity: Authenticity | Creativity | Meaning | Self-worth
Interdependence: Acceptance | Appreciation | Closeness | Community | Closeness | Consideration | Contribute to the enrichment of life | Emotional safety | Empathy | Honesty (the empowering honesty that enables us to learn from our limitations) | Love | Reassurance | Respect | Support | Trust | Understanding
Physical Nurturance: Air | Food | Movement, exercise | Protection from life-threatening forms of life: viruses, bacteria, insects, predatory animals | Rest | Sexual expression | Shelter | Touch | Water
Subo nesse palco, minha alma cheira a talco Como bumbum de bebê, de bebê Minha aura clara, só quem é clarividente pode ver Pode ver Trago a minha banda, só quem sabe onde é Luanda Saberá lhe dar valor, dar valor Vale quanto pesa prá quem preza o louco bumbum do tambor Do tambor |Fogo eterno prá afugentar |O inferno prá outro lugar |Fogo eterno prá consumir |O inferno, fora daqui Venho para a festa, sei que muitos têm na testa O deus-sol como um sinal, um sinal Eu como devoto trago um cesto de alegrias de quintal De quintal Há também um cântaro, quem manda é Deus a música Pedindo prá deixar, prá deixar Derramar o bálsamo, fazer o canto, cantar o cantar Lá, lá, iá
Tenho uma certa predilecção por coisas híbridas. Coisas que parecem uma coisa e são outra fascinam-me, como é o caso destes lápis de cera que quando mudam de cor dão para comer.
"...teníamos un sueño... viajamos al fin del mundo, viajamos explorando, escalamos rascacielos, que luego explotaban..."
{no facebook de Sofia Carolino}
Na sexta-feira passada disseram-me que o meu sonho estava longe. Não sei onde está o meu sonho, nem descobri ainda que sonho é esse. Mas está longe, concerteza. Por isso, só viajando poderei cruzar-me com ele. Será que o caminho começou aqui?
As árvores estão despidas. Os dias estão cinzentos. Sei que me aguarda um Verão quente e húmido, mas por agora ainda não há nenhum indício de calor. Tenho saudades da luz de Lisboa.
6ª feira o Paulinho fez anos. No meio de muita correria, lá conseguimos apagar as velas e comemorar também os 3 meses da Luiza. (Eu também estou quase a alcançar os 3 meses em Santos, com a cabeça levantada :)).
5ª feira de manhã a Val apresentou-me Elizabeth Bishop e este poema agri-doce.
One Art
The art of losing isn't hard to master; so many things seem filled with the intent to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent. The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster: places, and names, and where it was you meant to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or next-to-last, of three loved houses went. The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster, some realms I owned, two rivers, a continent. I miss them, but it wasn't a disaster.
Even losing you (the joking voice, a gesture I love) I shan't have lied. It's evident the art of losing's not too hard to master though it may look like (Write it!) like disaster.
Queijo com compota, cheiro de pão quente, dias compridos, restaurantes à beira-mar, groselha, pêssegos de roer, pessoas velhas com rugas à volta dos olhos e histórias para contar, oferecer presentes, o moonwalk da Susana, famílias ruidosas, ser surpreendida, cruzar-me com visitas de estudo de crianças, beijos, conversas, cozinhar para quem gosto, piqueniques, praias vazias, vozes bonitas, mousse de chocolate da tia Clara, abraços, pessoas, que a minha avó diga chiquelate, calipes, corcumelos, pensórios, selada, pupino e pirum, que a minha mãe me chame Quiqui, que me tratem por menina, espreguiçar-me, fazer malha no sofá, mojitos no Bicaense, banhos de imersão ao som de David Sylvian, lanches em casa da Joana, caminhadas ao ar livre, ler revistas cor-de-rosa na sala de espera do dentista, pequenos-almoços, usar cabelo curto, ouvir as conversas dos outros no metro, espreitar os livros de pessoas que não conheço, mangas largas, golas grandes, ir correr quando estou deprimida, ouvir música enquanto trabalho, jogar raquetes na praia, passeios à beira-mar, mel com limão quando tenho tosse, sentar-me nos cantos, jantares em casa, ser turista, andar descalça, velhos a jogar às cartas no jardim, sentar-me na relva, “Hallelujah” na voz de Jeff Buckley, música nova, música antiga, Woody Allen, Michel Gondry, Charlie Kaufman, Roman Duris, Juliette Binoche, Fernando Pessoa, bibliotecas, blocos, cadernos, esferográficas, carimbos, poesia, árvores, malmequeres, dentes de leão, ar puro, campo, relva, luz, Lisboa, ruas estreitas, estendais, castanhas assadas, diversidade, sofás confortáveis, camas grandes, coisas bonitas, usar roupa nova, sabonetes, casacos, meias às riscas, janelas, sol, mais de 18 graus, silêncio, simplicidade, finais felizes, cumplicidade, partilha, intimidade, profundidade, encantamento e magia.