O Guilherme (meu irmão, 9 anos) pediu-me para escrever sobre ele. E não sei se este post é sobre ele, mas é, certamente, sobre os pensamentos que me ocorrem quando penso nele e na Sofia (minha irmã, 2 anos).
Tenho muitas saudades dos meus irmãos. Acho que a razão maior para ter tido tantas dúvidas antes de decidir vir para Santos foi pensar que ia perder uma parte da vida deles que é super importante e especial. E, na verdade, acredito que todas as fases da vida são determinantes para nos tornarem naquilo que somos e que talvez não haja uma mais importante que outra. Mas acho que pensei que, para eles, poderia não ser assim tão linear e que eu estava a impor-lhes uma mudança nas suas rotinas que eles não pediram nem sentiam vontade de ter.
Sabia que não ia poder partilhar com eles tudo isto que estou a viver, presencialmente. E sei que quando voltar a Lisboa terei, provavelmente, que conquistá-los, como se estivesse a conhecê-los outra vez.
Fico sempre emocionada quando recebo notícias deles. São, por estes lados, a minha fraqueza, mais do que um amigo, mais do que os meus pais... porque, lembro-me que o tempo para os adultos é completamente diferente daquilo que é para uma criança.
Quando crescemos, tudo passa rápido. Os anos passam rápido, as pessoas passam rápido, o trabalho passa rápido, a vida começa também a passar mais rápido (às vezes, tão rápido, que nós nem a apanhamos) e sei que, para todos os adultos da minha vida, estes 9 meses vão correr, independentemente das saudades. E que, para os meus manos, vão, comparativamente, andar a passo de caracol.
Enquanto pessoa adulta, creio que tudo passa depressa, excepto aquilo que se sente... a dor, o amor, a inquietude. Os sentimentos, bons e maus, permanecem intactos, sem sair do mesmo lugar, por muito tempo. Conhecendo-me, sei que a família e os amigos vão continuar a ocupar o mesmo espaço, e a ter a mesma dimensão que ocupavam e tinham antes.
Na infância, é ao contrário, são precisamente essas, as coisas que passam mais depressa, porque a disponibilidade para ser feliz é tão grande que todas as coisas a que não acedemos são arrumadas num canto.
O meu desejo é que eles não se esqueçam que gosto muito deles, mesmo não estando à distância de um abraço, nem de um beijinho, nem de uma brincadeira.