Nunca achei importante guardar coisas só para mim.
Gosto de escrever e gosto de partilhar. É algo que me conecta não só comigo mesma mas que também é uma forma pacífica de estar próxima dos outros.
No entanto, ultimamente, tenho sentido necessidade de cultivar um maior espaço de intimidade comigo mesma.
Talvez a partilha nas redes sociais me "roube" a interioridade que preciso neste momento. Talvez ande numa fase recolectora (em que quero estar em observação, recolha e pausa em vez de acção). Talvez a constante partilha de informação, os reels e a sensação de ruído que tudo isto me traz, esteja a retirar-me energia e vontade de partilhar desta forma.
À minha volta, muitas pessoas sentem-se deprimidas ou frustradas com esta onda avassaladora de conteúdos. Sentem que não são ou que não fazem o suficiente. Então pergunto-me se faz sentido darmos voz a coisas que não nos acrescentam - mesmo que as motivações para o fazermos pareçam tão fortes como "o meu negócio precisa disto."
Ontem à noite, enquanto adormecia a ouvir o Tadashi Kadomoto, fiquei a reflectir sobre motivação e a relação que esta tem com o apego. O precisar - seja do que for, talvez seja uma ilusão. Mas, acima de tudo, fiquei a considerar as motivações secundárias que me levam a achar que preciso de fazer algo de uma determinada forma para chegar onde quero.
A motivação secundária, apesar de intrínseca - relacionada com desejos e impulsos internos ou coisas que desejamos fazer sem pressão externa - visa conseguir o bem-estar através de outras pessoas. Alguns exemplos de recompensa são:
- A sensação de segurança
- O respeito
- A sensação de relevância
- O reconhecimento social
Isto parece-me bastante complexo e sem dúvida que não tenho receitas. Para mim, nesta constante auscultação que faço das minhas necessidades, sinto que para estar em verdade preciso de partilhar sem ser a partir de um lugar de escassez - de um precisar de algo. Sinto que as minhas motivações têm de estar afinadas com os meus valores e com os valores das minhas marcas. E isso é uma busca. Não tenho que escrever todos os dias. Não tenho de preocupar-me com algoritmos - nada contra quem se preocupa. Não tenho que ficar presa à ideia de que só existe uma forma de fazer algo acontecer. Tenho de procurar a minha forma. A forma que vai servir a maior parte das minhas necessidades - mesmo que não sirva todas.
Para quem está a passar por este fenómeno de se sentir assoberbado por excesso de conteúdo, faça uma pausa. Procure alternativas. Nem que seja, pagar a alguém para fazer isso por si. Para mim o truque é estar no Flow (falarei noutra altura sobre isto). Em todos os momentos e em todas as situações, estar sempre alinhada com o que o meu corpo me comunica.
Be First to Post Comment !
Post a Comment