the hands show the way of the heart

Tempo

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September 02, 2021



Estou num lugar em que retorno muitas vezes ao passado para conseguir ver o futuro. E em simultâneo, faço visualizações e planeio ao pormenor aquilo que está à minha espera. (Até tenho a sensação ao escrever isto de que estou a ter um déjà-vu - nada mais que esse ir e vir que ultrapassa tempo e espaço.)

É desafiante viver no presente quando há tantas coisas que gostaria que fossem diferentes ou melhores e outras tantas que gostaria de não ter feito.

No entanto, acho importante dizer: nada disto implica que sinta arrependimento ou culpa. 
Nos últimos meses fiz as pazes. Isto quer dizer: entendi que todas as minhas ações tiveram direção e que não foram mal aproveitadas. O dinheiro que gastei foi bem gasto. O que disse, protegeu-me - deu-me alento. O que não fiz foi porque não tive capacidade de fazer. 

Não quero deixar de confiar. Não quero, por mais voltas que a vida dê, deixar de acreditar no amor e nas decisões que tomei em seu nome. Não quero deixar de apoiar e eventualmente suportar os sonhos e as vidas das pessoas que estão próximas de mim. Custe o que custar!

Durante algum tempo pensei que o problema tinha sido "servir o outro primeiro". Mas acho que o problema foi ter-me esquecido "de me servir a mim". 

(Talvez pareça uma charada, tudo o que estou a dizer. Porque já não escrevo aqui há algum tempo e porque escrever aqui é um pouco como escrever para mim mesma.)

O quero dizer é: a vida dura pouco mais que um segundo. Sempre que dou um passo à frente vou deixando coisas para trás - um trilho de migalhas. Um rastro. Nem sempre vou fazer desse caminho algo memorável ou significante mas, seja qual for a circunstância, não posso esquecer-me de tentar! 

Enquanto tento, vão haver vezes em que as pegadas se apagam, o tempo escurece, quem vem atrás ou à frente vai esquecer-se de que estou ali. Outras, em que sou que me esqueço de tudo...

Quero que este Presente conte mais do que qualquer coisa. Mesmo que ande às apalpadelas. Há sempre algo a que me possa agarrar. 

Hoje, olho para o passado como se estivesse na cadeira da escola. Passa à minha frente projectado num quadro. É uma história que repito para mim mesma para desenhar o futuro. E está tudo bem ser assim. Porque aprendo e sigo em frente.
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